Além disso, a embaixada da Venezuela junto das Nações Unidas confirmou à agência de notícias espanhola EFE que ontem enviaram uma carta dirigida à presidência do Conselho de Segurança para abordar os ataques letais da Administração Trump contra embarcações venezuelanas em águas das Caraíbas, que acusam de estarem ligadas ao narcotráfico internacional.
"O Governo dos Estados Unidos utilizou a sua inteligência secreta para levar a cabo operações encobertas, letais, e nesta região já é conhecido o seu histórico tenebroso, com processos de desestabilização, sabotagem, contra-insurgência, planeamento de golpes de Estado e magnicídios", afirmou Samuel Moncada, ao dirigir-se hoje à imprensa desde a sede dada ONU em Nova Iorque.
Estas ações, acrescentou, visam "instalar governos servís aos interesses dos Estados Unidos", disse o representante permanente da Venezuela na ONU, pelo que instou o Conselho de Segurança a investigar "o conjunto de assassinatos que os EUA vêm perpetrando e determinar o seu carácter ilegal".
"No passado dia 14 de outubro, o Governo dos EUA cometeu uma nova série de execuções extrajudiciais contra civis que se encontravam numa pequena embarcação estacionada em frente à costa. Este ato é mais um capítulo na escalada, desde setembro até hoje, contra embarcações civis", continuou Moncada, que não esclareceu se, caso seja concedida essa possibilidade, a Venezuela interviria na sessão.
Enretanto, o Governo da Venezuela empossou hoje uma "milícia camponesa" para "proteger a pátria" contra "qualquer inimigo", num contexto em que estão a decorrer exercícios militares no país sul-americano face às "ameaças" que, segundo afirmam, representa o desdobramento naval e aéreo dos Estados Unidos no mar das Caraíbas, perto da costa venezuelana.
"Se o inimigo decidir intervir, não é uma tarefa em que possa ter hipóteses de vitória. Porque quem acha que esta é uma situação que se resolve lançando duas bombas e já se renderam, não nos conhece. Nem fazem ideia do que é feito o povo da Venezuela", declarou o ministro do Interior, Diosdado Cabello.
Durante o ato de juramento, transmitido pelo canal estatal VTV a partir do estado costeiro de La Guaira (norte), Cabello avisou os "inimigos da pátria" que "quando derem um passo, saibam que estão a enfrentar um povo capaz de devorar vivo quem quer que seja"."E quando falo em devorar vivo, não estou a brincar", acrecentou.
O embaixador da Venezuela junto da ONU informou também hoje a que já são "5 ataques e 27 pessoas mortas", vítimas de "uma escalada militar que inclui grandes equipas com licença para matar e impor um golpe de Estado na Venezuela".
Segundo o diplomata, duas das últimas vítimas são "dois humildes pescadores de Trinidad e Tobago", e enfatizou que "há outras reconhecidas da Colômbia, e é algo que destaco porque isto envolve toda a região".
"Mas estes ataques encontram também um ponto de máxima tensão ao observar as declarações do Governo de Donald Trump de que estão a considerar lançar ataques em terra, o que vai contra a carta das Nações Unidas", concluiu.
Trump autorizou a Agência Central de Inteligência (CIA) a realizar operações secretas na Venezuela e assegura que estuda a possibilidade de levar a cabo ataques contra "o narcotráfico" em terra, sublinhou Moncada, fazendo eco de uma informação publicada na quarta-feira pelo jornal The New York Times.
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