"O Governo da Palestina mantém-se firme na determinação de liderar um processo de recuperação e reconstrução que restaure a dignidade e a esperança ao nosso povo", declarou o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Mustafa, durante uma reunião com representantes da ONU em Ramallah, na Cisjordânia.
Tendo em conta estimativas internacionais, que apontam para "danos, perdas e necessidades superiores a 67 mil milhões de dólares" (57,4 mil milhões de euros), o plano prevê uma verba nesse valor, equivalente a 57,4 milhões de euros.
O plano contempla três fases: a primeira, de emergência, será focada na recuperação rápida e exigirá 3,5 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros), e inclui a remoção de escombros, a restauração de infraestruturas e serviços básicos, alojamento transitório, apoio a pequenas empresas e à agricultura, reativação do sistema bancário, entre outras medidas.
A fase seguinte, com uma duração de três anos, envolverá um processo de reconstrução e recuperação, no valor de 25,7 mil milhões de euros, e a última centrar-se-á exclusivamente na reconstrução do enclave palestiniano.
"Após mais de dois anos de uma guerra devastadora, Gaza sofreu uma destruição completa e deslocamentos maciços, bem como um grande sofrimento", referiu.
Mustafa declarou que "Gaza será reconstruída como uma parte aberta, conectada e próspera do Estado da Palestina, em conformidade com as resoluções relevantes da ONU e a Declaração de Nova Iorque", adotada em julho, sobre a solução dos dois Estados.
A recuperação permitirá restaurar "casas, escolas, hospitais e infraestruturas, mas, acima de tudo, a esperança do povo", além de "fortalecer a governação, capacitar as comunidades e criar resiliência contra choques futuros", continuou.
O plano surge no seguimento do Plano Árabe para a Recuperação, Reconstrução e Desenvolvimento de Gaza, adotado pela cimeira árabe, em março de 2025, no Cairo.
"O Plano Árabe confirmou o compromisso árabe com a liderança palestiniana e a mobilização de recursos coordenados para a recuperação", acentuou.
A conferência para a reconstrução de Gaza que o Egito deverá promover um mês após o cessar-fogo -- em vigor desde 10 de outubro -- "servirá como plataforma central para mobilizar recursos e parcerias internacionais, ao mesmo tempo que reafirma que todos os esforços estão ancorados na propriedade e liderança nacionais palestinianas", declarou Mohammad Mustafa.
"O Governo da Palestina reafirma que uma governação eficaz em Gaza é um pilar essencial da recuperação e da estabilidade. Sem instituições nacionais fortes e unificadas, os riscos de ineficiência, duplicação e eventual colapso dos serviços básicos seriam perigosamente elevados", avisou.
O governante palestiniano salientou que "a Palestina já possui sistemas unificados em setores-chave como saúde, educação, água e saneamento, registo de terras e civis, finanças públicas e tributação", sistemas que "devem ser capacitados e reforçados, e não substituídos por estruturas paralelas ou temporárias que seriam incapazes de sustentar uma prestação de serviços eficaz no terreno".
"A nossa mensagem à comunidade internacional é clara: a reconstrução de Gaza deve ser liderada pelos palestinianos, apoiada pelos árabes e internacionalmente, garantindo não só a reconstrução de Gaza, mas também a restauração da esperança, dignidade e estabilidade para o seu povo", concluiu o primeiro-ministro palestiniano.
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