Na década de 1950, a Conferência Episcopal apelidou os homossexuais de "perigo social de proporções globais" e classificou as ações destas pessoas como "perversas e desprezíveis".
"Em 2022, os bispos da Igreja da Noruega reconheceram que a instituição que lideramos infligiu sofrimento e ferimentos aos homossexuais", disse o bispo Olav Fykse Tveit, primaz da Igreja da Noruega, dentro do London Pub, uma meca para a comunidade gay.
"Portanto, é justo que assumamos as nossas responsabilidades como igreja e peçamos desculpas", afirmou o representante, referindo-se à "discriminação, tratamento diferenciado e assédio", que causaram "vergonha" e levaram alguns a perder a fé.
A Igreja da Noruega, que tem 3,4 milhões de membros, mais de 60% da população norueguesa, adotou uma abordagem mais liberal ao longo do tempo.
Permite pastores homossexuais desde 2007 e uniões religiosas de pessoas do mesmo sexo desde 2017.
O pedido de desculpas é "forte e importante", mas chega "demasiado tarde para aqueles que morreram de sida (...) com o coração cheio de angústia porque a Igreja considerava a epidemia como o castigo de Deus", considerou Stephen Adom, líder da Associação para o Género e a Diversidade Sexual na Noruega.
Bispo Olav Fykse Tveit, primaz da Igreja da Noruega© REUTERS
"Estamos a ver uma onda cristã populista conservadora e de direita a varrer país após país. Nos Estados Unidos, Hungria e Noruega, está a tornar-se cada vez mais aceite entre líderes religiosos e políticos denegrir a diversidade de identidades e de corpos", criticou.
O London Pub foi um dos dois bares alvo de um tiroteio que causou dois mortos e nove feridos à margem da marcha do Orgulho LGBT, em 25 de junho de 2022.
O autor, Zaniar Matapour, um norueguês de origem iraniana que tinha jurado fidelidade ao grupo extremista Estado Islâmico, foi condenado à pena máxima, 30 anos de prisão prorrogável por tempo indeterminado, por "ato terrorista agravado".
Em 2023, o bispo Olav Fykse Tveit participou na Marcha do Orgulho, algo inédito para um primaz da Igreja da Noruega.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Opinião para a Igreja da Noruega, 65% dos entrevistados acreditam que é "mais do que tempo" de a Igreja pedir desculpas aos homossexuais.
Outras igrejas protestantes na Inglaterra e no Canadá emitiram pedidos de desculpas semelhantes nos últimos anos.
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