Dezenas de turistas olhavam surpreendidos e desiludidos para os cartazes afixados nas portas dos museus administrados pela Smithsonian Institution ao longo do National Mall, no centro de Washington.
"Todos os museus Smithsonian e o Zoológico Nacional estão fechados hoje devido à paralisação do Governo. Pedimos desculpas pelo inconveniente", indicava o cartaz, segundo constatou a Lusa no local.
Os cartazes foram colocados no passado domingo, dia em que aquele que se autodenomina "o maior complexo de museus do mundo" se viu obrigado a encerrar as atividades ao público devido à falta de financiamento para continuar a operar na consequência da paralisação do executivo federal.
Desde 01 de outubro, data do início da paralisação, que a Smithsonian Institution vinha alertando para a possibilidade de fechar os seus 21 museus, assim como os seus 14 centros de educação e investigação e o Zoológico Nacional, caso o Congresso norte-americano bipartidário (republicanos e democratas) não chegasse a um acordo sobre o orçamento governamental.
A Smithsonian recebe mais de 60% do seu financiamento anual do Governo federal.
Dois dias após o início do 'shutdown', a instituição anunciou que iria recorrer a verbas do ano anterior para permanecer aberta ao público até pelo menos 06 de outubro.
Numa publicação feita nas redes sociais na passada sexta-feira, a instituição fundada em 1846 avisou o público que estaria temporariamente encerrada e que atualizará o seu estatuto operacional "assim que a situação for resolvida".
"Não planeamos atualizar as redes sociais, exceto para informá-los sobre mudanças no nosso estatuto operacional. Enquanto as nossas portas estiverem fechadas, os recursos digitais da Smithsonian continuarão disponíveis", referiu a instituição na mensagem publicada.
Apesar do aviso, dezenas de turistas - nacionais e estrangeiros - , incluindo excursões escolares, viram-se obrigados a procurar planos alternativos face às limitações que lhes foram impostas ao chegar à capital dos Estados Unidos.
"Está tudo fechado. E se alugarmos uma bicicleta e dermos um passeio?", sugeriu um pai às suas duas filhas adolescentes, num interação testemunhada pela Lusa em frente ao Museu Nacional de História Natural.
O Museu Nacional do Ar e do Espaço, um dos mais visitados do mundo, assim como o Museu Nacional de História Americana, o Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana ou até mesmo o Jardim de Esculturas da Galeria Nacional de Arte estavam inacessíveis.
O único sinal de atividade vinha de alguns seguranças que continuavam nos seus postos: alguns dentro dos edifícios, outros no exterior, à entrada dos museus.
Quem procurou ver de perto a Casa Branca também não saiu totalmente satisfeito, uma vez que é cada vez maior o dispositivo de segurança e de gradeamento em torno da residência oficial e local de trabalho do Presidente dos Estados Unidos.
Poucos dias após o início do 'shutdown', vários outros locais turísticos em Washington, incluindo a Biblioteca do Congresso, o Museu de Arquivos Nacionais e o Arboreto Nacional, foram fechados.
Os passeios guiados pelo Capitólio (sede do Congresso) e pelo Pentágono (sede do Departamento da Defesa) foram igualmente suspensos e, embora os parques nacionais tenham permanecido abertos, muitos limitaram os seus serviços.
A paralisação da administração federal tem-se prolongado devido à falta de acordo entre republicanos e democratas para aprovar uma extensão orçamental que permitiria que agências federais continuassem a operar.
No centro do impasse estão gastos com saúde.
Os democratas reivindicam o aumento de algumas verbas destinadas à saúde, enquanto os republicanos os acusam de tentar expandir os serviços de saúde para imigrantes indocumentados, algo que a oposição nega.
Desde 01 de outubro, cerca de 600.000 funcionários federais foram dispensados, e o Governo de Donald Trump tem aproveitado o impasse para reduzir a força de trabalho pública, num momento em que cerca de 4.000 funcionários federais já foram demitidos.
A última paralisação dos serviços federais ocorreu durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump (2017-2021) e esteve relacionada com as verbas exigidas pelo governante para financiar a construção de um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México.
Durou 35 dias, entre 22 de dezembro de 2018 e 25 de janeiro de 2019, e foi a paralisação mais longa da história dos Estados Unidos.
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