"Não podemos dizer que vamos receber todos os benefícios e não podemos também dizer que nós é que vamos beneficiar todos os países da ASEAN. Vamos aproveitar esta adesão para facilitar talvez em muitas áreas que ainda necessitamos. Nós somos o país mais pobre, mais atrasado na ASEAN", afirmou Xanana Gusmão.
Timor-Leste vai tornar-se o 11.º estado-membro da ASEAN, no próximo dia 26, durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização do sudeste asiático, que se vai realizar em Kuala Lumpur, na Malásia, 14 anos depois de ter apresentado o pedido de admissão.
"O importante para nós é juntar a nossa voz, de Timor-Leste, a um grupo de países pela paz, pela reconciliação, pelo diálogo e pelo desenvolvimento sustentável. (...) Nós não vamos desempenhar um papel crucial na ASEAN", salientou Xanana Gusmão.
"Não temos muito a ambição [de que] vamos receber muitos benefícios nem temos ambição de dizer que nós é que vamos orientar ou dirigir a ASEAN. Vamos estudando a forma como alguns países se comportaram e orientaram o seu desenvolvimento", insistiu o chefe do Governo timorense.
Questionado pela Lusa sobre o plano pós-adesão, apresentado quarta-feira, na reunião do Conselho de Ministros, pela vice-ministra para os Assuntos da ASEAN, Milena Rangel, Xanana Gusmão disse que é preciso mais realismo.
"Vamos estudar, vamos ver, vamos ser mais realistas, olharmos mais para o que estamos a necessitar, para o que o povo está a pedir, do que apresentarmo-nos como um país que, imediatamente, com aquele roteiro, vai ser qualquer coisa com que sonhamos há muito tempo", acrescentou o primeiro-ministro, que falava no final do encontro semanal com o Presidente timorense José Ramos-Horta.
O plano pós-adesão para o período 2026-2030 estabelece, segundo o comunicado do Conselho de Ministros, a "intenção estratégica de transformar a participação de Timor-Leste na ASEAN em resultados concretos e mensuráveis, através do reforço da capacidade institucional, da diversificação económica e do desenvolvimento do capital humano".
O documento "destaca a contribuição ativa de Timor-Leste para a Visão ASEAN 2045, orientada para a construção de uma comunidade regional resiliente, inovadora, dinâmica e centrada nas pessoas", pode ler-se no comunicado.
A nota salienta que o objetivo estratégico visa preparar Timor-Leste para receber a presidência rotativa da ASEAN em 2030.
"Com a implementação rigorosa deste plano, Timor-Leste deixará de ser apenas um novo membro para se afirmar como um parceiro ativo e contributivo da ASEAN, utilizando a integração regional como catalisador do desenvolvimento nacional sustentável e da prosperidade do povo timorense", acrescenta.
A ASEAN foi criada em 1967 pela Indonésia, Singapura, Tailândia, Malásia e Filipinas e tem como objetivo promover a cooperação entre os estados-membros para garantir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico, social e cultural da região.
Integram também a ASEAN o Brunei Darussalam, o Camboja, o Laos, o Myanmar (antiga Birmânia) e o Vietname.
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