"Os jovens que agora estão a preparar-se, discutam os problemas nas vossas universidades, debatam os problemas do Estado para o futuro", disse Xanana Gusmão em declarações aos jornalistas, após o encontro semanal com o Presidente timorense, José Ramos-Horta, no Palácio Presidencial, em Díli.
Para o líder do Governo timorense, a discussão abre espaço para o pensamento crítico dos jovens sobre qualquer realidade da nação.
"Vocês devem agarrar Timor com mais inteligência e sabedoria, quando já não estivermos cá. Espero que consigam levar este país para um futuro melhor", afirmou Xanana Gusmão.
O primeiro-ministro disse também que os estudantes podem manifestar-se, mas não devem destruir património público e privado, como aconteceu no Nepal.
"A manifestação não é para impor que se os governantes não agirem segundo a vontade dos estudantes, vocês queimam tudo como no Nepal. A situação no Nepal foi diferente. Lá começaram manifestações porque cortaram o acesso à internet e ao Facebook. Foi porque as pessoas começaram a criticar o Governo através das redes sociais", recordou Xanana Gusmão.
Os estudantes universitários timorenses saíram à rua para exigir o cancelamento da compra de novas viaturas para os deputados, o fim da pensão vitalícia, a revisão à lei sobre liberdade de reunião e manifestação e o adequado financiamento para os setores produtivos no debate do próximo Orçamento do Estado, que terá início em outubro.
Na quarta-feira, os cinco partidos que compõem o Parlamento timorense comprometeram-se com as exigências dos estudantes, depois de no dia anterior terem aprovado uma resolução parlamentar a cancelar a compra de viaturas.
O Índice de Pobreza Multidimensional (MPI, na sigla em inglês), apresentado pelas Nações Unidas em 2022 (o mais recente), refere que cerca de 42% das 1,3 milhões de pessoas em Timor-Leste vivem em situação de vulnerabilidade social.
Segundo os Censos de 2022, 64,6% dos 1,3 milhões de habitantes do país têm menos de 30 anos.
Dados divulgados num relatório sobre capital humano do Banco Mundial, em 2023, indicam que cerca de 20% dos jovens timorenses não estudam, nem trabalham devido à falta de educação, limitações na prestação da saúde e ineficácia da proteção social.
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