Num comunicado divulgado hoje, a ONG estimou que a China tenha deportado 406 pessoas para a Coreia do Norte desde o início 2024, apesar das autoridades chinesas terem conhecimento das "condições opressivas" em que vivem os norte-coreanos.
Esta informação baseia-se em "Stephen Kim, pseudónimo de uma pessoa com amplos contactos na Coreia do Norte e na China", cuja informação a Human Rights Watch "há muito considera fidedigna", embora aponte a falta de dados oficiais disponíveis.
"As autoridades chinesas estão a devolver centenas de norte-coreanos a um lugar onde sabem que aqueles que regressarem serão severamente perseguidos", disse a chefe de investigação da Human Rights Watch na Coreia do Sul, citada na nota.
Lina Yoon instou Pequim a "permitir imediatamente que a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) tenha acesso a todas as pessoas em risco de regresso forçado à Coreia do Norte", bem como a "interromper o repatriamento forçado de norte-coreanos".
A ONG verificou muitos dos casos, como o de 108 norte-coreanos que foram repatriados em janeiro de 2024 da cidade de Helong, no nordeste da China, "após um protesto contra salários não pagos que alegadamente se tornou violento, e foram enviados para prisões políticas quando regressaram à Coreia do Norte".
Houve ainda "212 mulheres norte-coreanas vítimas de tráfico que foram detidas" nas cidades de Kunming (oeste), Nanning (sul) e Pinxiang (leste), bem como "cinco mulheres que viviam em casamentos forçados nas províncias de Jilin e Heilongjiang", ambas no nordeste.
Além disso, de acordo com a Human Rights Watch, as autoridades chinesas deportaram 20 das 22 mulheres detidas na região autónoma da Mongólia Interior, no norte do país, entre dezembro e julho.
As duas que não foram devolvidas "foram traficadas para casamentos forçados na China e estavam grávidas, pelo que foram enviadas para as casas dos homens chineses a quem foram vendidas".
As mulheres que engravidam em condições coercivas por parte de homens chineses sofrem um tratamento particularmente severo quando regressam à Coreia do Norte, afirmou a ONG, citando três antigos funcionários do Governo norte-coreano.
A China rotula os norte-coreanos indocumentados como "migrantes económicos" ilegais e devolve-os à força com base num protocolo fronteiriço de 1986, observou a Human Rights Watch, lamentando que a "crescente repressão sob o Presidente chinês Xi Jinping" tenha aumentado o repatriamento forçado.
A ONG denunciou que o regresso forçado de norte-coreanos "expõe-nos a um elevado risco de tortura, prisão injusta, violência sexual, trabalho forçado e possível execução, em violação do direito internacional dos direitos humanos".
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