Citando relatórios de acompanhamento aéreo civil e observadores independentes, o portal web Efecto Cocuyo (EC), explica que os bombardeiros B-52H Stratofortress passaram das ilhas de La Orcila e Gran Roque, onde a Venezuela tem instalações militares.
"As aeronaves, que permaneceram visíveis em plataformas públicas de rastreamento durante parte do trajeto, realizaram círculos sobre as Caraíbas antes de desaparecerem momentaneamente dos radares civis, reaparecendo depois rumo ao sul", explica o EC.
O portal EC publica uma foto do rastreamento do voo através da plataforma Flightradar24, sublinhando que "a rota os levou às proximidades das ilhas La Orchila e Gran Roque, onde a Venezuela mantém instalações militares".
"O movimento coincide com uma fase de máxima tensão entre Washington e Caracas, após os recentes ataques norte-americanos contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas na costa venezuelana, nos quais morreram pelo menos seis pessoas", explica o portal.
O EC, precisa ainda que "o Pentágono não emitiu comentários oficiais, mas fontes militares americanas indicaram ao portal 'Escenário Mundial' que o perfil de voo corresponde a missões de treino e dissuasão de longo alcance, habituais a partir da Base Aérea de Barksdale (Louisiana) e outras bases do Comando Aéreo Global, no âmbito das operações do Comando Sul" dos EUA.
"No entanto, a proximidade com o território venezuelano e a visibilidade pública da rota foram interpretadas como uma mensagem de alcance e preparação estratégica, num momento em que os EUA reforçam a sua presença militar nas Caraíbas", sublinha.
De momento não é conhecida uma posição oficial das autoridades da Venezuela sobre o voo realizado pelos bombardeiros.
Em 2 de outubro último o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, denunciou que cinco aviões de combate norte-americanos cruzaram a Região de Informação de Voo (FIR) de Maiquetía, muito perto do espaço aéreo venezuelano.
"Isso indica que os aviões de combate do imperialismo norte-americano se atreveram a aproximar-se da costa venezuelana (...) Quero que saibam que não nos intimidam. É uma grosseria, uma provocação e uma ameaça à segurança da nação [venezuelana]", afirmou durante um balanço de operações das Forças Armadas Bolivarianas da Venezuela, transmitido pela televisão estatal venezuelana.
Explicou que os radares da Força Aérea Venezuelana detetaram pelo menos cinco aviões de combate norte-americanos próximos do seu país e que o Sistema Integrado de Defesa Aérea identificou mais de cinco aeronaves com padrões de voo de 400 nós e a uma altitude de 35 mil pés.
As tensões entre a Venezuela e os EUA aumentaram em agosto, depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ordenado o envio de navios de guerra para as Caraíbas, para águas internacionais próximas do país sul-americano, citando a luta contra os cartéis de droga da América Latina.
Os EUA anunciaram ter já atacado cinco barcos que transportavam droga matando a pelo menos 13 "narcoterroristas", dizendo tratar-se de membros do Tren de Arágua, um cartel venezuelano estabelecido em vários países e classificado como organização terrorista pelo Presidente norte-americano.
Os Estados Unidos acusam o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar o Cartel dos Sois, de tráfico de droga e recentemente aumentou a recompensa por informações que levem à sua captura para 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros).
Maduro denunciou a presença militar norte-americana junto à costa venezuelana e negou qualquer ligação com o narcotráfico.
Em 29 de setembro a Venezuela anunciou que o Presidente Nicolás Maduro assinou um "decreto de estado de comoção externa" (estado de emergência) em resposta a ameaças dos EUA.
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