O jornal Times of Israel cita um alto responsável das autoridades israelitas, confirmando a expectativa de Telavive em receber mais corpos ainda hoje, enquanto o Haaretz noticiou que o Exército está a iniciar preparativos para a transferência de reféns adicionais.
Já o Jerusalém Post referiu, a partir de várias notícias divulgadas ao longo dia, que pelo menos dois corpos serão entregues hoje, mas o canal televisivo Al-Araby, do Qatar, indicou que deverão ser cinco.
O mesmo jornal referiu que, apesar de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado que as negociações da segunda fase do acordo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza já começaram, o Governo israelita adiou o reatamento do diálogo até que todos os corpos dos reféns sejam devolvidos.
As autoridades de Israel têm, por outro lado, ameaçado que o fluxo de ajuda humanitária ao enclave palestiniano pode ser afetado pelo atraso na entrega dos corpos de reféns, que estava prevista na primeira fase do acordo de cessar-fogo.
"O Hamas é obrigado a cumprir os seus compromissos com os mediadores [das negociações do cessar-fogo] e a devolver todos os nossos reféns como parte da implementação deste acordo", afirmou uma porta-voz do executivo israelita, avisando que Israel não fará concessões nem se poupará a esforços até recuperar a totalidade dos corpos.
No âmbito do acordo, 20 reféns vivos foram entregues pelo Hamas na segunda-feira, mas apenas quatro corpos dos 28 que se presumem mortos foram então devolvidos.
Após o Governo israelita ter condenado uma "violação dos compromissos" por parte do Hamas, outros quatro corpos foram transferidos na noite de terça-feira, no entanto, os exames forenses concluíram que um deles não era de um refém.
Em troca dos reféns entregues pelo Hamas, 1.968 prisioneiros palestinianos foram também libertados na segunda-feira, incluindo muitos condenados por ataques mortais contra Israel, bem como 1.700 palestinianos presos por alegadas "razões de segurança", desde o início da guerra, em outubro de 2023.
Nos últimos dois dias, Israel entregou igualmente os corpos de 90 palestinianos que mantinha na sua posse.
O Presidente dos Estados Unidos também exigiu ao Hamas a devolução dos corpos dos reféns, após ter sido o principal impulsionador do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, negociado ao longo de vários dias em Sharm el-Sheikh, no Egito, com a mediação de delegações egípcias, qataris e turcas.
Nesta fase, foi acordado o cessar-fogo na Faixa de Gaza, a retirada gradual das forças israelitas, a entrada em massa de ajuda humanitária no enclave palestiniano e a troca de reféns por prisioneiros
O acordo define que um comité internacional ajude o Hamas a encontrar os corpos de reféns dados como desaparecidos, estando, segundo a imprensa israelita, a decorrer reuniões técnicas no Egito.
A segunda fase vai abordar a reconstrução, bem como o desarmamento do Hamas e a governação do enclave.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 67 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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