Em Berlim, o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão condenou as execuções sumárias de membros de alegados grupos rebeldes, acusados de colaborar com Israel, realizadas pelo Hamas e cujas imagens têm circulado na Internet nos últimos dias.
"As imagens demonstram e sublinham, mais uma vez e de forma clara, aquilo que já dissemos no passado: que com o Hamas estamos perante uma organização terrorista. Estas execuções arbitrárias não são outra coisa senão terrorismo contra a população", afirmou o porta-voz do ministério, Josef Hinterseher, numa conferência de imprensa.
O porta-voz afirmou que, com estas execuções públicas, o Hamas pretende enviar uma mensagem à população e intimidá-la para que renuncie a qualquer tendência "de autodeterminação".
"Condenamos, nos termos mais firmes, estas execuções extrajudiciais, são execuções arbitrárias", declarou Hinterseher, sublinhando que, nesta fase, "é importante que o desarmamento do grupo islamita ocorra num curto espaço de tempo".
No entanto, apelou para que estes acontecimentos não sejam utilizados como pretexto para impedir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
"É extremamente importante que o cessar-fogo se mantenha. Nenhuma das partes o questionou, continua em vigor", referiu, acrescentando que o Governo alemão mantém contacto com Israel para tentar influenciar o executivo de Benjamin Netanyahu a permitir a entrada de quantidades suficientes de água, medicamentos e outros bens essenciais na Faixa de Gaza.
Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês indicou "condenar veementemente as execuções sumárias realizadas nos últimos dias em Gaza pelo Hamas".
Nos últimos dias, circularam nas redes sociais vários vídeos que mostram a execução de várias pessoas com as mãos atadas, os olhos vendados e alinhadas lado a lado, por homens armados, perante dezenas de pessoas.
Fontes locais disseram que as execuções ocorreram na cidade de Gaza, no início do cessar-fogo e que levou à retirada de tropas israelitas de metade do território, num contexto de confrontos entre homens armados do Hamas e outras milícias locais.
As execuções foram também condenadas pela presidência da Autoridade Palestiniana, cujo Presidente, Mahmud Abbas, considerou tratarem-se "crimes hediondos" e "uma violação flagrante dos direitos humanos".
Tais atos representam "uma grave violação do Estado de direito" e refletem a determinação do Hamas "em impor a autoridade através da força e do terror", disse num comunicado citado pela agência de notícias palestiniana WAFA.
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