"Tudo vai depender da decisão dos membros. Eu fui eleito, vocês acompanharam nitidamente aquilo que aconteceu no Alto Molócue [centro de Moçambique, em 2024], fui eleito. E eu tenho dito que no próximo congresso eu não vou concorrer, vou deixar os jovens para que possam continuar com este barco", disse Ossufo Momade, questionado por jornalistas sobre a sua liderança, pouco depois da sua chegada a Nampula, no norte de Moçambique, onde vai ser realizado o conselho nacional do partido.
Ossufo Momade, 64 anos, assumiu a presidência da Renamo em janeiro de 2019, após a morte de Afonso Dhlakama (1953 --2018), e foi reeleito para o cargo no congresso realizado em maio de 2024, para novo mandato de cinco anos, num processo fortemente contestado internamente.
Contudo, uma onda de contestação à sua liderança tem vindo a crescer, com ex-guerrilheiros a encerrar sedes e delegações, desde que a Renamo perdeu o estatuto da segunda força política mais votada nas eleições gerais de 09 de outubro de 2024, passando de 60 deputados, nas legislativas de 2019, para 28.
O presidente da Renamo é também acusado de alegada "má gestão", falta de pagamento de pensões e subsídios e de "incompetência total" face à crise no partido.
Questionado sobre a crise e divisão do partido, Momade normalizou a situação, afirmando que não está preocupado e que a agenda é a de "unir a família".
"Isto é normal, mesmo nos outros partidos existem esse tipo de problemas, mas nós não estamos preocupados com isso, a nossa agenda é única, unir a família e avançarmos para a vitória", disse o líder da Renamo.
A formação política marcou para na quinta-feira o seu primeiro conselho nacional, um evento que se realiza seis meses após o adiamento anterior, com Ossufo Momade a afirmar que será um dia de "festa" e de "várias decisões" para o bem da Renamo.
"É um conselho nacional que vai tomar várias decisões para o bem do nosso partido e o bem do país (...). Esta reunião vai tomar várias decisões e vamos pedir todo aquele que é da Renamo para que possa abraçar este partido", disse o político.
Ossufo Momade afirmou ainda que a Renamo "está forte", a avaliar pelo "mar de gente" que o recebeu em Nampula para o conselho nacional, que vai também discutir a situação política interna do partido.
A Renamo chegou a anunciar a realização do primeiro Conselho Nacional de 2025 - estatutariamente tem de organizar dois por ano - em 07 e 08 de março, que foi depois adiado, sem nova data. A direção da Renamo já reconheceu a obrigatoriedade de realizar dois conselhos nacionais por ano, mas afirma que não é obrigatório que aconteçam em semestres diferentes.
Ossufo Momade foi candidato presidencial nas eleições de outubro de 2024, obtendo 6% dos votos, o pior resultado de um candidato apoiado pela Renamo, que até essas eleições era a principal força de oposição em Moçambique, desde as primeiras eleições em 1994.
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