Um responsável dos rebeldes Huthis, Hizam al-Assad, acusou a Arábia Saudita de cometer, ao longo de dez anos, "agressão, bombardeamentos, assassínios e crimes, destruição e cerco, ocupação e pilhagem de recursos", e de se esquivar aos seus compromissos com o povo iemenita.
"Hoje, o regime saudita está a tentar contornar os direitos do nosso povo e atrasar o cumprimento das suas obrigações", criticou o responsável Huthi, numa publicação na sua conta na rede social X na noite de terça-feira e hoje citada pela agência espanhola EFE.
Al-Assad sublinhou que o seu grupo não procura novos conflitos, embora os atrasos contínuos possam levar a medidas de retaliação.
A este respeito, Al-Assad insinuou possíveis ataques a projetos de infraestruturas sauditas de alto nível: "O mundo ouvirá os lamentos da Aramco e os gritos de Neom", em referência ao gigante petrolífero saudita e ao megaprojeto da cidade, que com um investimento de 500.000 milhões de dólares constitui o núcleo do plano Visão 2030 do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.
A declaração de Al-Assad ocorre num momento de alguma calma no conflito que devastou o Iémen e levou a uma das piores crises humanitárias do mundo.
Embora um frágil cessar-fogo tenha sido mantido em grande parte desde abril de 2022, os esforços de paz mediados pelas Nações Unidas enfrentaram repetidos atrasos, com os Huthis a acusar a Arábia Saudita de falhar compromissos importantes.
Estes compromissos fazem parte do roteiro conduzido pelas Nações Unidas e incluem medidas geradoras de confiança, como o pagamento de salários do setor público, a retoma das exportações de petróleo e a reabertura de aeroportos e portos.
A Arábia Saudita liderou uma intervenção militar contra os Huthis, alinhados com o Irão, em março de 2015, depois de o grupo derrubar o governo reconhecido internacionalmente e tomar a capital, Sana, em setembro de 2014.
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