"O secretário-geral condena veementemente a detenção arbitrária de funcionários da ONU, assim como a dos nossos parceiros, e a contínua apreensão ilegal de instalações e bens da ONU em áreas sob controlo dos Huthis" no Iémen, disse o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric, no seu 'briefing' diário à imprensa em Nova Iorque.
Na noite de segunda-feira, a ONU anunciou a detenção de mais nove dos seus funcionários pelos Huthis, mas "infelizmente, esta manhã", a organização recebeu a informação da detenção de mais um funcionário da ONU, afirmou Dujarric.
"Isso eleva para 54 o número total de funcionários da ONU detidos arbitrariamente no Iémen" desde 2021, assinalou o porta-voz de Guterres.
"Estas ações prejudicam a nossa capacidade de operar no Iémen e de prestar assistência crítica a quem dela necessita. O secretário-geral continua profundamente preocupado com a segurança do pessoal da ONU no Iémen", sublinhou.
O chefe da ONU pediu a "libertação imediata e incondicional" destes funcionários, assim como de organizações não-governamentais (ONG), organizações da sociedade civil e das missões diplomáticas detidos no Iémen.
"Como temos vindo a dizer constantemente, o seu paradeiro permanece desconhecido e as autoridades Huthis não permitiram qualquer acesso físico a qualquer um deles, apesar dos nossos repetidos pedidos", explicou aos jornalistas o porta-voz de Guterres.
Dezenas de funcionários da ONU têm sido detidos em áreas controladas pelos rebeldes Huthis apoiados pelo Irão.
Em agosto, a ONU anunciou a detenção de pelo menos 11 dos seus funcionários pelos Huthis, que travam uma campanha de repressão após a morte do seu primeiro-ministro em ataques israelitas conduzidos nesse mesmo mês.
Um alto funcionário dos Huthis disse na ocasião à agência France-Press (AFP) que os detidos eram suspeitos de espionagem para os Estados Unidos e Israel. A mesma acusação já havia sido usada em detenções anteriores, alegação que é rejeitada pela ONU.
Nesse contexto, o coordenador de ajuda humanitária da ONU para o Iémen foi oficialmente transferido em setembro da capital controlada pelos rebeldes, Sana, para Áden.
Foi em Áden que o Governo iemenita reconhecido pela comunidade internacional estabeleceu a sua sede após ser expulso de Sana pelos Huthis em 2014.
Dez anos de guerra civil mergulharam o Iémen, um dos países mais pobres da Península Arábica, numa das piores crises humanitárias do mundo, de acordo com a ONU.
"Asseguramos aos nossos colegas que continuaremos a trabalhar incansavelmente, e através de todos os canais disponíveis, para garantir a sua libertação segura e imediata, bem como a devolução dos escritórios das agências da ONU e de outros bens. O secretário-geral mantém-se firme no compromisso de apoiar o povo do Iémen e as suas aspirações por uma paz justa e duradoura", concluiu hoje Dujarric.
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