As aeronaves controladas remotamente de fabrico britânico estão a ser utilizadas para "ataques de precisão, reconhecimento e para interromper a atividade russa atrás das linhas da frente, contrariando as tentativas da própria Rússia de utilizar táticas de 'drones' em massa", refere o comunicado do Ministério da Defesa.
O fornecimento inclui 'drones' logísticos para transportar equipamento para as linhas da frente, 'drones' de ataque unidirecionais, bem como 'drones' de vigilância e reconhecimento, fornecidos por empresas como a Tekever, de origem portuguesa, e as britânicas Windracer e Malloy.
O ministro da Defesa britânico, John Healey, vai também propor esta quarta-feira, numa reunião em Bruxelas do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia --- que reúne 52 países que apoiam Kiev ---, um aumento da produção de 'drones' após o aumento dos ataques com aeronaves controladas remotamente na Ucrânia e "incursões perigosas" na Europa.
"A perigosa escalada de [Vladimir] Putin (Presidente russo) na Ucrânia e em toda a Europa deverá ser acompanhada por um aumento da produção de 'drones' e pelo reforço das defesas aéreas da NATO", disse Healey no comunicado.
Healey participará ainda numa reunião de ministros da Defesa da NATO, onde deverá confirmar o contributo da Royal Air Force (RAF) para a missão "Sentinela Oriental" até ao final de 2025, utilizando caças Typhoon britânicos.
Estas aeronaves participaram no mês passado em voos defensivos sobre o espaço aéreo polaco após incursões de 'drones' russos.
O Reino Unido irá também confirmar o envio iminente de especialistas militares britânicos em 'drones' para a Moldova, onde irão auxiliar no treino das Forças Armadas moldavas em táticas contra aeronaves controladas remotamente.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
No plano diplomático, a Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda pelo menos quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia, anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.
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