Manifestantes e polícia envolveram-se em confrontos, com os primeiros a lançarem foguetes e bombas de fumo, enquanto tocavam tambores e entoavam cânticos contra os cortes orçamentais anunciados pelo primeiro-ministro belga, Bart De Wever.
O protesto, convocado por um grupo intersindical, paralisou o trânsito no centro da capital belga, bloqueando as principais estradas.
As greves levaram ao cancelamento da maioria dos voos no aeroporto de Bruxelas e condicionaram grande parte dos transportes públicos da cidade.
Os organizadores estimaram que mais de 150.000 pessoas se juntaram à manifestação, enquanto a polícia estimou a multidão em 80.000.
Agentes sem uniforme, mas identificados por braçadeiras vermelhas, detiveram manifestantes, avançou a agência de notícias Associated Press.
A ministra da Migração belga, Anneleen Van Bossuyt, escreveu na rede social X que tinha filmado os manifestantes a vandalizar o edifício do gabinete de imigração no centro da cidade.
Tanto o protesto, como as greves a nível nacional foram organizados pelos três principais sindicatos belgas contra os cortes nos sistemas de pensões, subsídios de desemprego e cuidados de saúde propostos pelo primeiro-ministro.
De Wever prometeu cortar nas despesas para tentar ultrapassar os problemas económicos da Bélgica, que incluem uma dívida nacional que totaliza pouco mais de 100% do produto interno bruto (PIB), o que coloca o país entre os piores da UE.
"Todas as medidas de austeridade, seja em termos de pensões, reduções de abonos de família, tudo isso, já nada está a funcionar", disse Frédéric Kulcsar, um trabalhador do setor da saúde da cidade de Charleroi, no sul da Bélgica.
Estas políticas, de acordo com o secretário-geral adjunto da Confederação Sindical Internacional, Eric Manzi, levaram as pessoas "a lutar por uma maior segurança no emprego e uma maior segurança para os jovens".
"O Governo belga, como na maioria dos países hoje em dia, está a implementar políticas que não garantem realmente o emprego futuro, onde o trabalho está a tornar-se cada vez mais precário e onde a reforma não está realmente garantida", continuou o secretário-geral adjunto da organização transnacional de direitos laborais.
De Wever, um nacionalista flamengo, assumiu o cargo em fevereiro com a formação do chamado "Governo Arizona", assim chamado devido às cores da bandeira do estado norte-americano que se assemelham às dos partidos da coligação no poder na Bélgica.
Os manifestantes atiraram sacos de areia e lixo para cima de recortes de cartão de De Wever, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Maxime Prévot, e do ministro das Finanças, Jan Jambon, segurando cartazes de crítica generalizada à recusa do Governo em aumentar os impostos sobre os ricos e onde se lia em francês: "Imposição de turnos noturnos sem bónus", "Mais trabalho por menos pensão" e "Menos contribuição dos que ganham mais".
Outros cartazes mostravam uma linha vermelha a atravessar o número 67, significando a desaprovação dos planos do Governo para aumentar a idade da reforma em dois anos até 2030.
O governo federal prepara grandes cortes na proposta de orçamento de 2026, cuja apresentação, inicialmente prevista para hoje, foi adiada uma semana.
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