Durante uma transmissão em direto pelas redes sociais, mas não pela televisão pública do Madagáscar, Andry Rajoelina garantiu que se encontrava num "local seguro" após uma "tentativa de assassinato", sem dar mais detalhes sobre a sua localização.
"Há apenas uma forma de resolver estes problemas, que é respeitar a Constituição em vigor no país", afirmou, rejeitando, de facto, os apelos à demissão feitos pelo movimento de contestação, que surgiu a 25 de setembro nesta ilha particularmente pobre do Oceano Índico.
O presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou hoje à noite a sua "grande preocupação" com a situação em Madagáscar, sem confirmar uma informação da imprensa segundo a qual o presidente Andry Rajoelina, que não tinha aparecido desde o motim de uma parte do exército, teria embarcado num avião militar francês.
Segundo a rádio francesa RFI, Andry Rajoelina embarcou no domingo "num avião militar francês com destino a Reunião, antes de se dirigir para outro destino com a sua família".
"Hoje não confirmo nada", declarou Emmanuel Macron, questionado pela imprensa desde Sharm el-Sheikh, no Egito, à margem de uma cimeira sobre o acordo de paz em Gaza.
"Quero aqui expressar a grande preocupação que é nossa, referir a amizade de França para com o povo malgaxe (...) Acho muito importante que a ordem constitucional e a continuidade institucional sejam preservadas em Madagáscar porque isso é essencial para a estabilidade do país e para os interesses da população", acrescentou o chefe de Estado francês.
"Olha-se para a juventude destes países com muita admiração e carinho. Temos uma juventude que se expressou, que está politizada, que quer viver melhor (...) só não deve ser recuperada por fações militares ou indigências estrangeiras", prosseguiu Emmanuel Macron.
Uma intervenção do presidente malgaxe, muito esperada após a adesão de militares aos manifestantes que contestam o poder, foi novamente adiada hoje, tinha anunciado hoje a presidência.
O discurso de Andry Rajoelina, que denunciou este fim de semana "uma tentativa ilegal de tomada de poder" nesta ilha particularmente pobre do oceano Índico, já tinha sido adiada uma primeira vez devido à chegada de um "grupo de militares armados" à sede da televisão pública, segundo a presidência.
O movimento de contestação, que inicialmente denunciava os cortes incessantes de água e eletricidade, transformou-se desde então numa contestação mais ampla ao presidente Rajoelina, de 51 anos, e ao seu clã.
Pelo menos 22 pessoas foram mortas no início dos protestos e mais de uma centena ficaram feridas, segundo um balanço das Nações Unidas, desmentido pelo chefe de Estado de Madagáscar, que mencionou 12 mortos, todos "saqueadores, vândalos", segundo o chefe de Estado.
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