"Os Serviços Prisionais de Israel concluíram a libertação dos terroristas encarcerados, nos termos do acordo para o regresso dos reféns", declarou aquela entidade, acrescentando que os 1.968 prisioneiros cuja libertação estava prevista para hoje, em troca de reféns israelitas, já se encontram nos respetivos destinos.
Israel utiliza o termo "terroristas" para se referir a qualquer detido palestiniano que possa ter atacado israelitas, embora entre os libertados em Gaza cerca de 1.718 sejam pessoas capturadas durante a guerra e contra as quais não foi deduzida qualquer acusação ou que não estavam diretamente ligadas ao ataque de 07 de outubro de 2023 do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita.
Dos 250 prisioneiros a cumprir pena perpétua e de longa duração hoje libertados, apenas oito foram transportados para a Faixa de Gaza; 154 foram deportados para o Egito e os restantes 88 foram distribuídos entre a Cisjordânia e Jerusalém.
Segundo os Serviços Prisionais de Israel, os presos foram retirados de diversas prisões do país e levados para as de Ofer e Ketziot e, assim que se confirmou que os 20 reféns vivos libertados pelo Hamas estavam fora da Faixa de Gaza, a Cruz Vermelha iniciou o transporte dos 1.968 para os diferentes destinos.
Milhares de pessoas esperavam hoje em frente ao Hospital Nasser, na cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, a chegada de autocarros com prisioneiros, que entraram no enclave através da passagem de Kerem Shalom, no extremo sudeste de Gaza.
Quando chegaram os cinco primeiros autocarros com prisioneiros, a multidão precipitou-se para os veículos, entre aplausos e palmadas na chapa destes.
Os prisioneiros, vestidos com os fatos de treino cinzentos que lhes são dados nas prisões israelitas, amontoavam-se nas janelas dos veículos, havendo em cada uma delas até três pessoas com quase metade do corpo fora do autocarro.
No hospital Nasser, as autoridades de Gaza montaram um enorme espaço com cadeiras de plástico para que as famílias dos prisioneiros pudesse ali esperar para recebê-los.
Além disso, a zona da receção estava repleta de equipas de segurança destacadas pelo Governo do Hamas no enclave - segundo o Governo de Gaza, foram destacadas cerca de 7.000 pessoas para realizar as várias tarefas de receção dos prisioneiros procedentes de Israel.
Israel e o Hamas anunciaram na noite de 08 de outubro um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, a primeira fase de um plano de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase da trégua envolve a retirada parcial do Exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e a Faixa de Gaza, a libertação de 20 reféns em posse do Hamas e de 1.968 presos palestinianos.
O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 sequestradas.
A retaliação de Israel fez mais de 67.000 mortos e de 170.000 feridos, na maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza (tutelado pelo Hamas), considerados credíveis pela ONU.
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