"Acho que os países europeus precisam de perceber que não devemos deixar os Estados Unidos e a China tornarem-se os líderes tecnológicos e perder para aqueles dois países", afirmou, em contacto com o comité Nobel, em Estocolmo.
Aghion e o canadiano Peter Howitt foram premiados por desenvolverem um modelo matemático que descreve o processo de "destruição criativa", ou seja, quando a chegada ao mercado de um produto novo e melhor afasta as empresas que vendem os produtos mais antigos.
Philippe Aghion voltou a falar sobre a diferença de riqueza que se aprofundou entre os Estados Unidos e a zona euro desde a década de 1980.
"Após um período de recuperação da Europa em relação aos Estados Unidos em termos de Produto Interno Bruto (PIB) per capita entre a Segunda Guerra Mundial e meados dos anos 80", a diferença ampliou-se novamente, explicou o economista francês.
A principal razão é que a Europa não conseguiu implementar grandes inovações tecnológicas.
"Ficámos confinados a avanços tecnológicos médios, o que corresponde perfeitamente ao que o relatório Draghi explica, porque não temos as políticas e instituições adequadas para inovar no campo das altas tecnologias", disse Aghion.
"Não temos um ecossistema financeiro propício à inovação", lamentou.
Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), fez uma série de propostas para reativar a economia europeia.
De ex-membro do Partido Comunista a conselheiro económico do Presidente Emmanuel Macron, antes de se afastar, Philippe Aghion quer regular melhor o capitalismo, favorecendo a inovação.
Segundo Aghion, "o importante é adotar políticas que fortaleçam a inovação, mas ao mesmo tempo [importa] construir um sistema com real mobilidade social, um capitalismo regulado" à maneira dos modelos escandinavos, que deve "pensar nos mais vulneráveis".
O Prémio Nobel da Economia foi atribuído hoje a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt por terem explicado o crescimento económico impulsionado pela inovação.
Metade do prémio, de 11 milhões de coroas suecas (cerca de um milhão de euros), foi concedida a Mokyr, norte-americano-israelita, de 79 anos e professor da Universidade do Noroeste de Illinois, EUA, por "ter identificado os pré-requisitos para um crescimento sustentável através do progresso tecnológico".
A outra metade foi concedida conjuntamente a Aghion, francês de 69 anos radicado no parisiense Collège de France, e a Howitt, canadiano de 79 anos e professor da Universidade Brown, dos Estados Unidos, pela "teoria do crescimento sustentável através da destruição criativa".
O trabalho dos laureados mostra que o crescimento económico não pode ser dado como certo.
"Devemos apoiar os mecanismos que sustentam a destruição criativa para não cairmos novamente na estagnação", afirmou John Hassler, presidente do Comité que concede o Nobel de Economia.
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