As medidas são "uma ação legítima do Governo chinês para afinar o sistema de controlo das exportações em conformidade com as leis e os regulamentos", afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio em comunicado.
"Os controlos de exportação da China não são proibições de exportação e serão concedidas licenças para pedidos elegíveis", disse o porta-voz, acrescentando que Pequim informou antecipadamente os parceiros comerciais das medidas, "através de mecanismos de diálogo bilateral".
"As empresas não devem estar preocupadas", sublinhou o porta-voz.
Pequim argumentou mais uma vez que as restrições têm como objetivo impedir que as terras raras e respetivos produtos de transformação sejam utilizados para produzir artigos militares ou de defesa, a fim de "defender a paz mundial, a estabilidade regional e cumprir as suas obrigações internacionais em matéria de não proliferação".
O ministério indicou que a China avaliou exaustivamente o impacto potencial das novas restrições nas cadeias industriais e de abastecimento e que este "é muito limitado".
As autoridades chinesas anunciaram, na quinta-feira, uma nova ronda de restrições à exportação de terras raras, essenciais para o fabrico de tecnologia avançada, e acrescentaram cinco novos metais à lista de produtos controlados.
A China, que controla mais de 70% da produção mundial e quase 90% da transformação deste material estratégico, impôs restrições à exportação como moeda de troca desde que os Estados Unidos iniciaram a guerra tarifária, em abril, embora tenha recentemente flexibilizado as medidas, no âmbito da trégua comercial entre as duas potências.
As terras raras têm sido um ponto de fricção nas recentes negociações comerciais sino-americanas, com Washington a acusar Pequim de atrasar deliberadamente a aprovação de licenças de exportação.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na sexta-feira a imposição de uma sobretaxa de 100% a importações da China, a partir de novembro, em resposta a medidas comerciais "extremamente hostis" de Pequim.
A partir de 01 de novembro - ou até antes, "dependendo de quaisquer ações ou alterações futuras tomadas pela China" - os Estados Unidos imporão "uma tarifa de 100% à China, além de qualquer tarifa que estejam atualmente a pagar", afirmou Trump na rede social Truth.
Também no início do próximo mês, adiantou o republicano, Washington imporá controlos de exportação para Pequim sobre "todo e qualquer software crítico".
O anúncio de Donald Trump é um exemplo típico de 'dois pesos, duas medidas'", reagiu a China.
O Ministério do Comércio chinês considerou que as ações de Washington "prejudicam gravemente os interesses da China e minam (...) o clima das discussões económicas e comerciais entre as duas partes".
"Ameaçar constantemente com direitos aduaneiros elevados não é a abordagem correta para cooperar com a China", acrescentou o ministério, em comunicado.
As novas medidas surgem pouco antes da reunião dos líderes da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC, na sigle em inglês) na Coreia do Sul, onde se esperava um possível encontro entre os presidentes dos dois países, mas que foi agora posto em causa.
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