"Os ataques brutais e intensos dos colonos, ontem [sexta-feira] e hoje de manhã, contra os campos, casas e propriedades de cidadãos [palestinianos] como os que ocorreram nas localidades de Abraga e Beita, a sul de Nablus, e na aldeia de Umm Safa, a norte de Ramalá, revelam a determinação da ocupação [israelita] de seguir com uma política sistemática" de tentativa de expulsão dos habitantes, afirmou o membro do Hamas, Abdurrahman Chadid.
No canal do grupo islamista na rede social Telegram, o responsável apelou a organizações de direitos humanos - tanto locais como internacionais - para atuar de "forma urgente" para documentar estes ataques e exercer pressão para travar as políticas de ocupação israelitas na Cisjordânia.
Segundo o membro do Hamas, os ataques acontecem num ambiente de total impunidade e com o apoio na retaguarda por parte de soldados e polícias israelitas.
A agência de notícias palestiniana Wafa afirmou que colonos israelitas atacaram hoje vários agricultores palestinianos, com a onda de agressões a coincidir com o arranque da campanha de apanha de azeitona na Cisjordânia.
De acordo com a mesma agência, pelo menos 20 pessoas foram agredidas na localidade de Salfit, onde colonos israelitas destruíram vários veículos e efetuaram disparos para o ar.
Já na zona de Beita, pelo menos 30 palestinianos ficaram feridos e cerca de 15 viaturas incendiadas após um ataque de colonos, referiu a Wafa.
Ataques semelhantes foram registados noutras localidades, com órgãos de comunicação social palestinianos a reportar que vários dos ataques foram feitos sob a proteção do Exército israelita.
Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), durante a época da colheita da azeitona de 2025, mais de 60 comunidades na Cisjordânia continuam em alto risco de ataques por parte de colonos israelitas e de restrições de acesso às suas terras agrícolas.
Os ataques surgem depois de Israel e o Hamas terem anunciado na quarta-feira à noite um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, primeira fase de um plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egipto, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
Desde 07 de outubro de 2023, 999 palestinianos foram mortos na Cisjordânia por forças israelitas ou colonos. No mesmo período, mais de 10.000 palestinianos foram deslocados devido a demolições, ataques de colonos e restrições de acesso.
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