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Militares em Madagáscar apelam à desobediência e recusam disparar

Um contingente militar de uma importante base militar próxima da capital de Madagáscar apelou, num vídeo divulgado hoje, à desobediência dos militares e forças de segurança que "recusem ordens para disparar" contra os manifestantes.

Militares em Madagáscar apelam à desobediência e recusam disparar

© Lusa

Lusa
11/10/2025 14:42 ‧ há 4 horas por Lusa

O contingente militar do CAPSAT (Corpos do exército e do pessoal dos serviços administrativos e técnicos) apelou igualmente às forças policiais que se juntem e pediu aos militares colocados frente aos palácios presidenciais que abandonem as suas posições e bloqueiem o aeroporto.

 

Vários milhares de pessoas manifestam-se hoje na capital contra o poder, a maior manifestação das que há vários dias acontecem no país.

As forças de segurança têm recorrido a gás lacrimogéneo e granadas atordoantes para dispersar os manifestantes que se mobilizam em várias cidades do país desde 25 de setembro.

"Unamos as nossas forças, militares, gendarmes e polícias, e recusemos ser pagos para atirar contra os nossos amigos, os nossos irmãos e irmãs", declararam, no vídeo hoje divulgado, os soldados da importante base militar do distrito de Soanierana, na periferia da capital Antananarivo.

Em 2009 essa base liderou um motim na revolta popular que levou ao poder o atual presidente, Andry Rajoelina.

Os militares apelam aos que "estão prontos a assumir a sua responsabilidade" para que "se juntem imediatamente ao CAPSAT" e pedem aos militares nos palácios presidenciais que regressem aos seus acampamentos de origem e aos que estão junto do aeroporto internacional de Ivato que impeçam todos os aviões de descolar.

"Fechem os portões e aguardem as nossas instruções. Não obedeçam mais a ordens vindas dos vossos superiores. Apontem as armas aos que vos ordenam atirar contra os vossos irmãos de armas, porque não serão eles que vão cuidar da nossa família se morrermos", declararam os soldados revoltosos.

O número de soldados que respondeu ao apelo não é ainda conhecido, adiantou a AFP.

O novo ministro das Forças Armadas, numa conferência de imprensa hoje, apelou à calma dos militares.

"Apelamos aos nossos irmãos que não estão de acordo connosco a privilegiar o diálogo", declarou o general Dermasinjaka Manantsoa Rakotoarivelo.

"O exército malgaxe permanece um mediador e constitui a última linha de defesa da nação", acrescentou o ministro.

O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, apelou na sexta-feira às autoridades de Madagáscar para "cessarem o recurso a uma força desnecessária" nos protestos, que já causaram várias mortes.

Milhares de manifestantes, instigados pelo movimento 'Gen Z' (jovens nascidos entre 1997 e 2012), reuniram-se novamente na quinta-feira em Antananarivo, capital de Madagáscar, país que tem sido, nas últimas duas semanas, palco de um movimento de protesto nascido de frustrações com os cortes incessantes de água e eletricidade, que se transformou numa contestação mais ampla, nomeadamente dirigida contra o Presidente, Andry Rajoelina, de 51 anos.

Pelo menos 22 pessoas foram mortas nas manifestações e cerca de 100 ficaram feridas, de acordo com um balanço da ONU de 29 de setembro, números que são "errados" segundo declarou, quinta-feira, o chefe de Estado.

Após um tom conciliador e a demissão do Governo, o Presidente infletiu ao nomear um militar como primeiro-ministro, assim como três novos ministros: das Forças Armadas, da Segurança Pública e da Polícia.

Inspirados pelas recentes mobilizações juvenis em países como o Quénia e o Nepal, estes protestos são os piores que a ilha vive há anos e o desafio mais sério que Rajoelina enfrenta desde a sua reeleição em 2023.

Andry Rajoelina foi eleito em 2018 e reeleito em 2023 numa votação boicotada pela oposição e ignorada por mais de metade dos eleitores inscritos.

Em reação às nomeações no Governo esta semana, mais de 200 organizações da sociedade civil malgaxe manifestaram quinta-feira as suas preocupações sobre a possibilidade de uma governação militar no país.

Também na quarta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou às autoridades do país para que cumpram o direito internacional dos Direitos Humanos durante os protestos.

Apesar das riquezas naturais, Madagáscar continua a ser um dos países mais pobres do mundo e quase 75% da população vivia abaixo do limiar da pobreza em 2022, segundo o Banco Mundial.

Leia Também: Presidente de Madagáscar diz que está em curso uma tentativa de golpe

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