Segundo o plano de paz em negociação com Israel, depois do cessar-fogo e da retirada das tropas israelitas do enclave, um organismo internacional supervisionará a formação de um "comité palestiniano tecnocrático e apolítico" que governará temporariamente o enclave.
"Reafirmamos a nossa rejeição absoluta a qualquer tutela estrangeira e sublinhamos que a determinação da forma de administrar a Faixa de Gaza e as bases de funcionamento das suas instituições é uma questão interna palestiniana", afirmam o Hamas, a Jihad Islâmica na Palestina e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) num comunicado conjunto.
Segundo o acordo de paz para Gaza promovido pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cuja primeira parte foi assinada na quinta-feira por Israel e Hamas, um organismo internacional ficará responsável por supervisionar a formação de um governo de transição no enclave palestiniano, bem como a sua reconstrução.
O governo de transição administrará temporariamente a Faixa de Gaza antes de a gestão do enclave ser entregue à Autoridade Palestiniana, de acordo com o plano.
No comunicado, as fações palestinianas rejeitam a tutela estrangeira, embora admitam estar disponíveis para "beneficiar da participação árabe e internacional nos domínios da reconstrução, recuperação e apoio ao desenvolvimento".
Na sequência da assinatura do acordo com Israel, que retirou na quinta-feira as suas tropas de parte do território de Gaza, o Hamas terá de libertar os 48 reféns israelitas que mantém sequestrados na Faixa até segunda-feira ao meio-dia. Israel, por sua vez, libertará 250 prisioneiros palestinianos e 1.700 detidos em Gaza.
Os grupos palestinianos saudaram o acordo, afirmando que este permitirá a libertação de "centenas dos heroicos prisioneiros das cadeias da ocupação (Israel)", classificando-o como um "fracasso político e de segurança" para os planos israelitas de "impor deslocações forçadas e desarraigar a população".
No comunicado, defendem a ativação de "mecanismos de cooperação entre as fações" em Gaza e apelam à "responsabilidade nacional" para iniciar "um caminho político nacional unificado".
"Trabalhamos em colaboração com os generosos esforços egípcios para convocar uma reunião nacional abrangente e urgente para a próxima etapa após o cessar-fogo, com o objetivo de unificar a posição palestiniana, formular uma estratégia nacional global e reconstruir as nossas instituições nacionais com base em parceria, credibilidade e transparência", afirmam.
As três organizações acrescentam que os "planos de deslocação e desarreigamento" de Israel foram frustrados pela resistência de combatentes, equipas médicas, serviços de proteção civil e jornalistas de Gaza, que deixaram "uma lição eterna de resistência e desafio".
Sublinham que o regresso dos deslocados à cidade de Gaza simboliza a vontade do povo palestiniano, "que rejeita a migração forçada e insiste em regressar e viver na sua terra apesar da enorme destruição".
Assim, reafirmam a determinação de continuar a resistência "em todas as suas formas" até pôr fim à ocupação israelita e estabelecer um Estado independente "com plena soberania" e capital em Jerusalém Oriental.
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