"A pessoa que recebeu hoje (sexta-feira) o Prémio Nobel ligou-me e disse: 'Estou a aceitar isto em sua homenagem porque realmente o mereceu', o que foi muito gentil da parte dela", disse Trump esta noite numa conferência de imprensa na Casa Branca.
Durante a tarde, Machado publicou na rede social X que o Nobel é "um impulso para concluir a tarefa" da oposição, "conquistar a Liberdade", invocando para esse fim a necessidade do apoio norte-americano.
"Estamos no limiar da vitória e hoje, mais do que nunca, contamos com o Presidente Trump, o povo dos Estados Unidos, os povos da América Latina e as nações democráticas do mundo como os nossos principais aliados para alcançar a Liberdade e a democracia. Dedico este prémio ao povo sofrido da Venezuela e ao Presidente Trump pelo seu apoio decisivo à nossa causa!", afirmou.
Antes, a Casa Branca criticou a atribuição do Nobel da Paz a Maria Corina Machado, defendendo que deveria ter ido para Trump.
O diretor de comunicação da presidência, Steven Cheung, afirmou que o comité norueguês do Nobel "colocou a política à frente da paz" ao ignorar o trabalho de Trump.
"Nunca haverá outra pessoa como ele, capaz de mover montanhas com pura força de vontade", escreveu Cheung num comunicado, acrescentando que Trump "continuará a negociar acordos de paz, a acabar com guerras e a salvar vidas".
O Presidente dos Estados Unidos passou os últimos meses a reivindicar publicamente o Nobel da Paz, alegando mérito pelo seu papel em negociações que levaram ao fim de vários conflitos internacionais, incluindo o acordo recente entre Israel e o Hamas, que começou a ser aplicado na sexta-feira.
Em resposta, o comité norueguês do Nobel da Paz evitou comentar diretamente as declarações de Trump, sublinhando que os seus elementos permanecem "alheios a campanhas mediáticas" em torno da escolha dos laureados.
"Baseamos a nossa decisão exclusivamente no trabalho e na vontade de Alfred Nobel", afirmou o presidente do comité, Jorgen Watne Frydnes, numa conferência de imprensa em Oslo, após anunciar o prémio para Machado.
María Corina Machado afirmou na sexta-feira que a atribuição do Nobel da Paz é "uma conquista e um reconhecimento" para todos os venezuelanos, considerando que o prémio devia ser dado ao povo do país sul-americano.
"Esta é uma conquista para toda a sociedade. Sou apenas uma pessoa, não mereço isto", disse, quando foi acordada por uma chamada telefónica do secretário do Comité Nobel norueguês, Kristian Berg Harpviken, para a informar de que tinha ganhado o prémio.
"Estou muito grata em nome do povo venezuelano", reagiu, defendendo que os venezuelanos acabarão por vencer e derrotar o regime autoritário do Presidente Nicolás Maduro.
"Ainda não chegámos lá, mas estamos a trabalhar muito para o conseguir, mas tenho a certeza de que vamos ganhar", disse, adiantando que, pessoalmente, "não merecia o prémio".
"Espero que entendam que este é um movimento, a conquista de toda uma sociedade. Sou apenas uma pessoa. Certamente não mereço isto", referiu.
O Presidente chavista Nicolás Maduro foi reeleito em 2024 numa eleição considerada por muitos países como uma fraude, e na qual María Corina Machado, apesar da sua popularidade nas sondagens, foi impedida de se candidatar.
María Corina Machado admitiu estar "em choque" por ter recebido o Nobel da Paz, num vídeo entretanto gravado e enviado à agência de notícias francesa AFP pela sua equipa de imprensa.
"Estou em choque!", ouve-se María Machado a dizer a Edmundo González Urrutia, que a substituiu como candidato nas últimas eleições presidenciais devido à sua inelegibilidade política.
"O que é isto? Não acredito", insiste a líder da oposição, de 58 anos, que vive escondida na Venezuela.
O Comité Nobel norueguês anunciou na sexta-feira que o Nobel da Paz 2025 foi atribuído à opositora venezuelana "pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia".
"Enquanto líder do movimento pela democracia na Venezuela, María Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos", sublinhou o Comité.
Nascida em 1967, na Venezuela, María Corina Machado é uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Nicolás Maduro, tendo sido candidata favorita à vitória nas eleições presidenciais de julho de 2024.
No entanto, foi impedida de concorrer quando, em janeiro de 2024, o Supremo Tribunal de Justiça, alinhado com o Governo de Maduro, a proibiu de ocupar cargos públicos durante 15 anos.
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