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Venezuelanos divididos sobre atribuição do Nobel da Paz a Corina Machado

Venezuelanos mostraram-se hoje divididos e também surpreendidos com a atribuição do Prémio Nobel da Paz à líder opositora Maria Corina Machado.

Venezuelanos divididos sobre atribuição do Nobel da Paz a Corina Machado

© PEDRO RANCES MATTEY/AFP via Getty Images

Lusa
10/10/2025 20:12 ‧ há 4 horas por Lusa

Para uns, trata-se do reconhecimento da luta da líder opositora por uma mudança pacífica e democrática no país, enquanto outros acusaram Machado de defender uma invasão do país, uma mudança violenta de regime e promover sanções internacionais contra a Venezuela.

 

"É o reconhecimento pela valentia, pela defesa da paz no país e por promover uma saída pacífica, democrática e constitucional à crise humanitária que desde há quase uma década afeta o país e que levou milhares a abandonar o país", afirmou uma venezuelana à Lusa.

Arais Martínez, de 30 anos, contabilista, disse tratar-se de um prémio "muito importante" e estar confiante que esta atribuição servirá para "despertar novamente a luta adormecida" dos venezuelanos por mudanças pacíficas e democráticos no país.

"Para nós, especialmente as mulheres, é um prémio bem merecido para uma grande líder, que conseguiu entender a vontade de mudança de milhões de venezuelanos, uniu a oposição e tem mostrado do que somos capazes", disse, lembrando que a líder está na clandestinidade desde as eleições presidenciais de julho de 2024, cujos resultados foram contestados pela oposição.

Já o oficial de segurança, Luís Soto, não está de acordo com a atribuição do prémio à líder opositora, sublinhando que o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tem sido um exemplo de defesa da paz e do país.

"Porque é uma mulher que, em várias ocasiões, pediu invasões da Venezuela, pediu sanções e muitas outras coisas. É uma mulher que quase conseguiu uma guerra civil na Venezuela. Felizmente, temos o Presidente Nicolás Maduro, que tem sido o defensor desta pátria, desta bela Venezuela", disse à Lusa.

Luís Soto sublinhou que "com todo o respeito merecido como senhora (...) deviam rever isso", admitindo que pode haver "uma estratégia" detrás da atribuição do prémio, "uma forma de acelerar ou procurar uma invasão" ao país.

Por outro lado, sublinhou que também não ia concordar se o Nobel da Paz fosse atribuído ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Ele [Donald Trump] é um homem que também esteve nesta guerra [envio de barcos e tropas para as Caraíbas] que ultimamente tem acontecido aqui na Venezuela, com esses barcos a sitiar a Venezuela, à espreita para tentar uma invasão. Também não vejo isso como algo positivo", disse.

Para o cineasta Alfredo Rangel, a atribuição do prémio a Maria Corina Machado "foi muito inesperada para muitas pessoas" e tem lugar num momento em que "há muitos líderes regionais no mundo que estão a envidar esforços nas suas regiões em prol da paz, em graus diferentes".

"É estranho. Talvez ela esteja a receber o prémio não pelo que fez este ano [na clandestinidade], mas pelo esforço de vários anos a tentar criar uma rutura aqui (...) há uma agenda geopolítica que os EUA estão a impulsionar para gerar visibilidade global", disse, precisando que foi o senador norte-americano Marco Rúbio que propôs Maria Corina para este prémio.

Na opinião de Rangel, a atribuição do Nobel à opositora "é contraproducente" porque Trump "queria esse prémio e gosta de ganhar prémios".

"Não sabemos que atritos isso poderá gerar tanto internamente como externamente", disse.

O Comité Nobel Norueguês atribuiu esta manhã o Nobel da Paz 2025 à opositora venezuelana Maria Corina Machado, ex-deputada da Assembleia Nacional da Venezuela entre 2011 e 2014.

Corina Machado foi premiada "pelo trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e pela luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia", explicou o comité.

Nascida em 1967, na Venezuela, Maria Corina Machado é uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Maduro, e chegou a ser a candidata favorita à vitória nas presidenciais de julho de 2024.

No entanto, foi impedida de concorrer quando, em janeiro de 2024, o Supremo Tribunal de Justiça a proibiu de ocupar cargos públicos durante 15 anos.

Leia Também: Obama felicita Corina pelo Nobel e pede que sigam o seu exemplo nos EUA

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