A Etiópia, o segundo país mais populoso de África, acolhe muitos refugiados de países vizinhos, do Sudão e do Sudão do Sul, e também tem habitantes deslocados que fogem dos conflitos internos.
"Somos forçados a fazer escolhas impossíveis", alertou o diretor do PAM na Etiópia, Zlatan Milisic, num comunicado.
Em outubro, esta agência das Nações Unidas indicou ter sido "forçada a diminuir as rações para 780.000 refugiados em 27 campos por toda a Etiópia, passando de uma ração de 60% para apenas 40%".
"Sem fundos adicionais, estas reduções são apenas mais um passo em direção à paragem total das distribuições, colocando em risco a vida dos beneficiários atuais", acrescentou o diretor do PAM, organização humanitária que alerta que está confrontada com a falta "crítica" de dinheiro.
"Isto significa que cada pessoa passará a beneficiar de uma ajuda alimentar equivalente a menos de 1.000 calorias por dia", detalhou a agência das Nações Unidas.
Segundo as organizações internacionais, cerca de 2.100 calorias diárias são recomendadas para sobreviver.
O Sudão, vizinho da Etiópia, está em guerra civil desde abril de 2023, e o Sudão do Sul enfrenta instabilidade crónica desde a sua independência, em 2011.
Este país do leste de África também enfrenta conflitos internos, nomeadamente nas suas duas regiões mais populosas, que deslocaram dezenas de milhares de pessoas.
"Cada redução de ração significa uma criança mais faminta, uma mãe obrigada a saltar refeições, uma família empurrada ainda mais para perto do abismo", continuou o dirigente local do PAM, que apela à obtenção de 230 milhões de dólares (213 milhões de euros).
Em abril, a organização das Nações Unidas, fortemente afetada, nomeadamente pelo corte norte-americano em ajuda humanitária, já tinha interrompido desde maio a ajuda na Etiópia para 650.000 mulheres e crianças a sofrer de desnutrição.
De janeiro a outubro, 4,7 milhões de pessoas vulneráveis puderam sobreviver com a ajuda do PAM na Etiópia. As reduções da ajuda humanitária estrangeira pelos Estados Unidos e outros países ocidentais este ano agravaram os problemas de financiamento em muitos países em desenvolvimento.
Leia Também: Requerente de asilo etíope condenado por agressões sexuais no Reino Unido