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Maputo. Podemos critica silêncio 1 ano após duplo homicídio de apoiantes

O partido Podemos, líder da oposição parlamentar moçambicana, criticou hoje o silêncio e falta de esclarecimento sobre o homicídio dos apoiantes Elvino Dias e Paulo Guambe, há praticamente um ano, considerando a Justiça "lenta, desfavorável e partidarizada".

Maputo. Podemos critica silêncio 1 ano após duplo homicídio de apoiantes

© Lusa

Lusa
10/10/2025 09:15 ‧ há 7 horas por Lusa

"Infelizmente, a Justiça moçambicana é lenta, desfavorável e partidarizada, porque se essas pessoas fossem de certo grupo privilegiado teríamos alguma solução e perceção do que aconteceu, pelo menos teríamos pessoas que fizeram isso por trás das grades e estaríamos a ver as investigações a correr", disse à Lusa o porta-voz do partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Duclésio Chico.

 

Elvino Dias, conhecido em Moçambique como "advogado do povo", pelas causas sociais e apoio que prestava sobretudo aos mais desfavorecidos, morreu na noite de 18 de outubro de 2024, numa emboscada, segundo a polícia, que passados praticamente 12 meses não apresentou explicações ou suspeitos do crime, associado desde então a motivações políticas.

Na altura era assessor jurídico do candidato presidencial Venâncio Mondlane e o carro que conduzia, no centro de Maputo, foi intercetado por duas viaturas, de onde saíram homens armados que fizeram dezenas de disparos, atingindo mortalmente, além de Elvino Dias, de 45 anos, também Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoiou aquele candidato nas eleições gerais de 09 de outubro de 2024.

À Lusa, o porta-voz do Podemos disse que o partido continua a lutar para que as autoridades moçambicanas esclareçam o duplo homicídio, referindo que é também altura de se despartidarizar o aparelho do Estado para que investigações de género ocorram.

"Como partido exigimos a quem é de direito, tanto a corporação, a Justiça, os tribunais, para que não parem de investigar este caso que foi hediondo e criou uma mancha na política moçambicana. Por isso repudiamos que haja esse silêncio de um ano, sem sequer percebermos o que está a acontecer e exigimos que as autoridades devem responder a este caso para que nos deem uma solução", disse Duclésio Chico.

Além deste duplo homicídio, o partido Podemos quer também esclarecimentos e responsabilização face às mortes que ocorreram durante os protestos pós-eleitorais, referindo que é este o caminho para a reconciliação e o desenvolvimento.

"Considera-se um ano de silêncio, porque ninguém falou deste assunto, mas nós vamos acordá-lo porque vamos nos lembrar desta dor, não está sarada mesmo depois de um ano e as famílias estão à procura de saber quem mandou. Este choro que estamos a ter neste um ano e o silêncio da parte de quem devia responder isso vai criar assunto e vamos procurar saber qual é a razão do silêncio", indicou o porta-voz do Podemos.

Quando passa um ano após o assassínio a tiro de Elvino Dias e Paulo Guambe, o Podemos anunciou que vai realizar uma marcha, com data e lugar ainda por indicar, de homenagem a ambos, considerando-os heróis.

Especificamente, o partido Podemos vai se juntar à família de Paulo Guambe no dia 18 de outubro, na província moçambicana de Inhambane, local onde foi enterrado, para outros atos de homenagem ao político, incluindo a exibição de filmes e apresentação de testemunhos sobre a vida e obra daquele que foi um dos primeiros membros do partido.

"O esquadrão da morte tirou a vida de uma pessoa promissor na política, que já vinha exercendo atividades para mudar a vida social do povo moçambicano, principalmente onde ele vivia, com o objetivo de alcançar Moçambique", concluiu o porta-voz do Podemos.

O Podemos, que nunca tinha tido antes um deputado no parlamento e que se aliou a Venâncio Mondlane nestas eleições, tornou-se o maior partido da oposição em Moçambique, com 43 mandatos, tirando um estatuto que era da Renamo desde as primeiras eleições multipartidárias, em 1994, que passou de 60 para 28 deputados.

A plataforma eleitoral Decide, organização da sociedade civil que monitoriza os processos eleitorais, avançou em abril que pelo menos 388 pessoas foram mortas e mais de 800 baleadas em cerca de cinco meses de protestos pós-eleitorais, 90% dos quais "foram causados por disparos com recurso a balas reais".

Leia Também: Quase 40 mil deslocados em Cabo Delgado e Nampula em duas semanas

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