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Quase 40 mil deslocados em Cabo Delgado e Nampula em duas semanas

Quase 40 mil pessoas fugiram de seis distritos de Cabo Delgado, e ainda da província vizinha de Nampula, devido ao recrudescimento dos ataques terroristas no norte de Moçambique, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Quase 40 mil deslocados em Cabo Delgado e Nampula em duas semanas

© Kim Harrisberg/Reuters

Lusa
10/10/2025 07:48 ‧ há 6 horas por Lusa

De acordo com o mais recente relatório do terreno daquela agência das Nações Unidas, consultado hoje pela Lusa, entre 22 de setembro e 06 de outubro, a escalada de ataques e a insegurança provocada por grupos armados" levou a "novos deslocamentos" - num total de 39.643, equivalente a 12.335 famílias - essencialmente nos distritos de Balama, Mocímboa da Praia, Montepuez e Chiúre, Cabo Delgado, mas também em Memba, província de Nampula.

 

A OIM contabilizou neste período um total de 26.405 deslocados de Mocímboa da Praia, devido à situação de "insegurança" nos bairros 30 de Junho e Filipe Nyusi, arredores de vila sede, palcos de pelo menos dois ataques de grupos insurgentes, com vários mortos, durante o mês de setembro.

Do distrito de Balama, a OIM contabilizou 5.585 deslocados, das localidades de Mavala e Mpake, que fugiram Ntete e Mieze, enquanto do distrito de Montepuez 3.980 pessoas foram deslocados, devido aos ataques e insegurança, de Mararange, Mirate e Nacololo.

No distrito de Chíure -- que já em finais de julho registou cerca de 57.000 deslocados devido aos vários ataques de grupos armados de então -- há mais 1.164 deslocados nos últimos dias, que fugiram de Mazeze e Murocue. Em menor escala, a OIM contabiliza 144 deslocados do distrito de Nangade, 121 de Macomia e 66 de Muidumbe.

Além destes distritos de Cabo Delgado, o relatório da OIM refere que os "recentes ataques" em Memba, Nampula, junto à província vizinha, "também forçaram 2.178 indivíduos a fugirem das aldeias de Chipene e Necoro", neste caso para o distrito de Erati.

Pelo menos 45 casas de duas aldeias de Nampula foram incendidas em 01 de outubro por alegados grupos terroristas que se deslocaram de Cabo Delgado, segundo o Governo.

"Há uma movimentação de terroristas de Cabo Delgado para a província de Nampula, tendo entrado no distrito de Memba onde cometeram algumas ações, tendo incendiado residências da população em dois povoados, um do posto administrativo de Lúrio e o outro no posto administrativo de Chipene", disse anteriormente o secretário de Estado na província de Nampula, Plácido Nerino Pereira, referindo que "não há registo de mortos".

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques terroristas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito da Mocímboa da Praia.

Oito anos após esse primeiro ataque, o Governo afirmou esta semana que continua a fazer esforços para garantir a segurança às populações e bens para que estas comunidades permaneçam nos seus lugares de origem em paz.

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, considerou este mês como "atos bárbaros" e contra a "dignidade humana" os ataques terroristas no norte do país.

O Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED) contabiliza 6.257 mortos ao fim de oito anos de ataques terroristas em Cabo Delgado, alertando para a instabilidade atual, com o recrudescimento da violência.

"A situação é bastante instável. Em setembro, o Estado Islâmico de Moçambique (ISM) estava ativo em 11 distritos de Cabo Delgado e também cruzou para Nampula no final do mês", disse à Lusa Peter Bofin, investigador da ACLED.

Segundo o investigador sénior da organização, que reúne e analisa dados sobre conflitos violentos e protestos em todo o mundo, desde outubro de 2017 foram registados em Cabo Delgado pelo menos "2.209 eventos de violência", com "6.257 mortes relatadas", sendo pelo menos 2.631 civis.

Leia Também: Moçambique quer reduzir taxa de analfabetismo para 23% até 2029

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