Os manifestantes juntaram-se às famílias dos reféns, que começaram a festejar a tão aguardada notícia durante a noite.
O acordo, alcançado no âmbito das conversações em Sharm el-Sheikh, no Egito, na noite de quarta para hoje e anunciado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê a libertação de todos os reféns do movimento islamita palestiniano e um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
"Viemos todos do escritório para aqui porque não conseguimos trabalhar. Este é o dia que toda a nação esperava há dois anos -- cada segundo, cada dia, levaram-nos a este momento", afirmou trabalhadora do setor tecnológico, Rachel Peery, à agência France-Presse.
Não há no local qualquer transmissão da eventual assinatura do acordo, mas os moradores deslocaram-se à praça para partilhar a emoção num espaço que, ao longo dos meses, se tornou o centro simbólico do movimento que exige o regresso dos reféns feitos há dois anos.
A 07 de outubro de 2023, durante o ataque sem precedentes do movimento islamita Hamas, que desencadeou a devastadora guerra em Gaza, morreram cerca de 1.200 pessoas e outras 251 foram sequestradas. Dessas, 47 continuam em cativeiro e, segundo o exército israelita, 25 morreram.
Na praça, muitos exibem autocolantes com a inscrição "Eles estão a voltar", acompanhada de um coração amarelo, evocando a fita amarela que se tornou símbolo dos reféns, havendo Uma mulher mascarada como 'Tio Sam' a empunhar um cartaz onde se lia "We love Trump" ("Amamos Trump"), em homenagem a quem apresentou o plano para Gaza e impulsionou as negociações indiretas entre Israel e o Hamas.
Com uma fita amarela a tapar a boca e os braços amarrados com uma corda, a mulher estava ao lado de um homem mascarado de Trump e com a mesma fita amarela dos reféns.
"Esperámos por isto durante 734 dias. Não consigo imaginar estar noutro lugar esta manhã, É uma alegria enorme, um alívio imenso misturado com angústia e tristeza pelas famílias que não tiveram -- ou não terão - esta alegria. É um dos momentos mais israelitas que o país já viveu", disse Laurence Yitzhak, 54 anos, natural de Telavive.
O líder da oposição, Yair Lapid, também se deslocou ao local "para abraçar as famílias".
O Fórum das Famílias de Reféns convidou Trump a reunir-se com os seus representantes durante a próxima visita a Israel, prevista para domingo.
"Ficaríamos profundamente honrados se pudesse encontrar-se connosco durante a sua próxima visita a Israel. Seria, sem dúvida, uma das maiores demonstrações de apoio da história de Israel a um amigo e aliado", escreveu o Fórum num comunicado.
"É algo que toda a gente vai recordar: onde estava quando ouviu a notícia", disse Gyura Dishon, empresário de 80 anos.
"Vemos as pessoas a cantar, a dançar, cheias de esperança e, no entanto, no fundo, há sempre esta pergunta: será que algo pode correr mal? Estaremos a celebrar demasiado depressa?", questionou.
Em Jerusalém, um comerciante disse à AFP apoiar a libertação dos reféns, mas sublinhou que era "contra o fim da guerra".
"Eles começaram isto, têm de pagar um preço elevado", afirmou, em referência ao Hamas.
Um homem que rezava numa cabana erguida para assinalar a Sukkot (conhecida como Festa dos Tabernáculos, Festa das Cabanas Festa das Tendas ou, ainda, Festa das Colheitas, por coincidir com a estação das colheitas em Israel, no começo do outono) disse sentir "uma sensação maravilhosa", ainda que considere que "não se trata de um final feliz".
"Perdemos muitas pessoas boas, mas foi a coisa certa a fazer", concluiu.
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