Durante a noite alguns populares saíram para as ruas para celebrar a notícia, entre música e aplausos, em localidades como Khan Yunis (sul) ou Deir al Balah (centro), segundo imagens difundidas pela cadeia qatari Al Jazeera.
A agência de notícias espanhola EFE escreve que percorreu hoje algumas ruas da cidade de Gaza (norte), sem encontrar grandes concentrações de palestinianos. A capital do enclave tem estado nas últimas semanas sob ordem de evacuação do exército israelita, que intensificou a ofensiva no local.
"As pessoas aqui em Gaza ainda estão preocupadas, muitas não sabem sobre o futuro deste acordo. Elas estão preocupadas que, uma vez que eles [Israel] tenham os reféns, regressem [os ataques], porque sabemos que Israel não respeita nenhum acordo", disse à agência Efe Mohammed Salha, que trabalha nos hospitais da organização de Gaza Al Awda, em mensagens de áudio.
"Vou poder dormir à noite sem ouvir o quadricóptero [drone israelita]", brincou o diretor de enfermagem do Hospital Europeu de Khan Yunis, Saleh al Hams.
Numa troca de mensagens com a Efe, Al Hams diz-se "muito feliz" e esperançoso de que a ofensiva israelita na Faixa de Gaza termine.
No entanto, questionado se considera que a trégua será definitiva, responde rapidamente: "Não".
"Para [o primeiro-ministro israelita, Benjamin] Netanyahu é como um palco, ele vai para outro lugar - à Cisjordânia, ao Líbano, ao Irão", lamentou.
Esta manhã, havia pequenas multidões de pessoas na estrada Rashid, que atravessa Gaza de norte a sul ao longo da costa e através da qual muitos habitantes de Gaza estão a tentar regressar à capital, de onde foram deslocados na mais recente ofensiva de Israel.
Fontes locais disseram à Efe que um drone de reconhecimento atacou um grupo de habitantes de Gaza no oeste da cidade de Gaza que tentavam regressar à capital.
Além disso, durante toda a manhã, a rede de notícias Quds, ligada ao Hamas, relatou bombardeamentos nos bairros de Sabra e Zeitoun, na cidade de Gaza.
Esta manhã, o Governo de Gaza, controlado pelo Hamas, alertou a população para evitar regressar às suas casas até que as autoridades deem instruções nesse sentido, com base na retirada das tropas israelitas, e pediu também para evitar reuniões e aglomerações.
"Claro que na minha família vamos celebrar o fim desta dor e o início de dias livres de cenas de bombardeamento e sangue", disse à agência Efe Zaher Al Waheidi, que dirige a unidade do Ministério da Saúde encarregada de contar os mortos.
Em Deir al-Balah, no centro de Gaza, vídeos captados pelos habitantes de Gaza esta manhã mostram as ruas limpas, enquanto se escuta o som de tiros que alguns palestinianos lançam para o céu em comemoração.
Israel e Hamas anunciaram na quarta-feira à noite um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, primeira fase de um plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egipto, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase da trégua envolve a retirada parcial do Exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e Gaza, a libertação de 20 reféns em posse do Hamas e de 1.950 presos palestinianos.
O cessar-fogo visa por fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 67 mil mortos e cerca de 170.000 feridos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza (tutelado pelo Hamas), que a ONU considera credíveis.
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