A jovem polaca Julia Wandelt, de 24 anos, que fingiu ser Madeleine McCann, a menina britânica desaparecida na Praia da Luz, no Algarve, em maio de 2007, começou a ser julgada esta semana, em Leicester, no Reino Unido.
Depois de duas sessões de julgamento, na quarta-feira, testemunharam Kate e Gerry McCann, os pais de Maddie, como era conhecida Madeleine. O relato de ambos foi feito atrás de uma tela azul, de forma a manter a privacidade, como lembra a BBC.
Contam os meios de comunicação social britânicos que o relato do casal impressionou todo o tribunal. Ao juiz, Kate McCann disse que o assédio durou anos e trouxe-lhe muita ansiedade.
"O nível de stress e ansiedade que isto me causou aumentou com o tempo", relatou a certa altura a britânica, assegurando que só se sentiu "realmente mais tranquila" após a detenção de Julia Wandelt, em fevereiro deste ano.
A polaca terá começado a entrar em contacto com a família McCann há três anos. A partir daí o que se seguiu foi uma "perseguição" e "assédio" constantes, garantiram Kate e Gerry.
Tanto que Kate chegou "quase [fazer] um teste de ADN para resolver o problema", mas resistiu porque, ao ver as suas fotos, confirmou que ela era "polaca... não faz sentido".
"Não sei como é que Madeleine é neste momento, mas se visse uma foto dela, reconheceria a minha filha", assegurou Kate, segundo a Sky News.
De e-mails a chamadas anónimas, Julia terá insistido tanto que até chegou a aparecer em casa dos britânicos, junto com Karen Spragg, que também está acusada de perseguição ao casal.
O pai de Maddie falou das várias chamadas anónimas e de uma vez ter confrontado Julia, dizendo-lhe que não era a Madeleine.
Gerry garantiu que a perseguição a Kate era tão implacável e incessante que se tornou insuportável. Na noite em que Julia e Karen apareceram em casa da família, em dezembro do ano passado, mesmo depois do casal britânico ter falado com elas e terem regressado ao interior da habitação, as duas mulheres terão continuado a insistir, a bater à porta e a gritar, durante "uns 10 ou 15 minutos", o que deixou "Kate bastante abalada e assustada".
A "gota de água" foi quando Julia contatou a irmã de Maddie, Amelie, o que levou o casal a chamar a polícia.
Confrontada com estas declarações, em tribunal, conta o Mirror, Julia gritou, enquanto chorava: "Por é que vocês estão a fazer isso comigo?". O que fez com que fosse levada pelos polícias para fora da sala de julgamento.
Já na segunda-feira, na primeira sessão do julgamento, a polaca tinha chorado em tribunal, ao ouvir o procurador Michael Duck KC, que deixou desde logo claro que Julia não é Maddie.
O julgamento prossegue esta quinta-feira, 9 de outubro, com a audição aos irmãos de Madeleine, Sean e Amelie McCann.
Recorde-se que Madeleine McCann tinha três anos quando desapareceu na Praia da Luz, no Algarve, em maio 2007, enquanto dormia no quarto de um apartamento de um aldeamento turístico, com os irmãos de 2 anos. O caso que se tornou muito mediático, dando origem até a documentários, continua sem desfecho.
Em 2023, Christian Brückner foi constituído arguido pelo Ministério Público pelo desaparecimento de Maddie McCann. O nome do alemão surgiu pela primeira vez na lista de suspeitos no rapto em junho de 2020. No entanto, nunca foi acusado, por falta de provas por este crime. Depois de cumprir pena de prisão pela violação de uma idosa, em Portugal, Brückner saiu da cadeia recentemente.
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