Julia Wandelt, de 24 anos, que alegou ser Madeleine McCann e que é acusada de perseguir os pais e irmãos da menina britânica desaparecida em Portugal desde 2007, esteve, esta segunda-feira, no tribunal e desabou em lágrimas após o juiz ter dito que ela não era a criança.
Conta a publicação The Guardian que, no início do julgamento, a jovem polaca foi descrita pela procuradoria como manipuladora emocional que lançou uma "campanha de assédio" contra a família McCann - que durou três anos -, através de chamas telefónicas, mensagens e idas à residência deles.
Julia, note-se, alegou ter lembranças de estar em casa, participar em eventos familiares e de brincar com os gémeos. Informação que foi partilhada com o júri do tribunal.
"Poderíamos ficar tentados a pensar que isto tem alguma credibilidade. Mas, nesta fase inicial do julgamento, podemos deixar claro que Julia Wandelt não é Madeleine McCann", referiu o procurador Michael Duck KC.
Foi, neste momento, ao ouvir as palavras de Duck, que a polaca começou a chorar, levantou-se e tentou sair por uma porta que dava acesso às celas. A jovem foi consolada pela amiga Karen Spragg, de 61 anos, que é também acusada de ajudar Wandelt a perseguir os McCann.
O procurador afirmou que Julia não tinha "nenhum vínculo familiar" com os McCann e que, durante o julgamento, iriam ser apresentadas provas científicas ao júri que reforçariam isso. Referiu também que a jovem polaca era quase dois anos mais velha que Maddie.
Foi também revelado ao júri que Julia Wandelt já se havia feito passar por outras duas crianças desaparecidas - uma menina alemã, que nasceu oito anos antes de Julia, e uma norte-americana cuja avó foi julgada pelo seu assassinato.
A jovem polaca terá usado o ChatGPT para criar fotos falsas, que depois enviou para a irmã mais nova de Maddie e onde alegadamente surgiam ambas quando eram mais novas. O procurador descreveu as mensagens enviadas a Amelie McCann como "manipulação emocional".
Julia Wandelt terá também enviado dezenas de mensagens, mensagens de voz, e-mails e cartas a Kate e Gerry McCann.
No tribunal foram ouvidas algumas dessas mensagens, onde Wandelt dizia: "Se eu for ela, tudo ficará bem. Se eu não for, como deves pensar, eu deixo-te em paz".
"Eu sei que pareço gorda e sei que não sou bonita, mas sei o que sei e sei o que me lembro", disse numa outra mensagem.
Julia Wandelt afirmou que o motivo de não ter sido identificado como Madeleine McCann era "uma grande corrupção" e que os meios de comunicação social a fizerem "parecer louca". "Não desistam da vossa filha porque eu não sou mentirosa e não sou louca".
Madeleine McCann, de três anos, recorde-se, desapareceu na Praia da Luz, no Algarve, em 2007, enquanto dormia no quarto de um apartamento de um aldeamento turístico. O caso é um dos mais mediáticos e continua sem um desfecho.
Em 2023, o alemão Christian Brückner foi constituído arguido pelo Ministério Público pelo desaparecimento de Maddie McCann. O nome do alemão surgiu pela primeira vez na lista de suspeitos no rapto em junho de 2020.
Acusada de perseguição, jovem diz ser inocente
Julia Wandel declarou-se inocente da acusação de perseguição à família McCann em abril deste ano.
A jovem polaca foi detida no aeroporto de Bristol, no Reino Unido, em fevereiro, e foi acusada de quatro crimes de perseguição, tais como, fazer chamadas telefónicas, deixar mensagens de voicemail e enviar cartas e mensagens por WhatsApp aos pais de Maddie, Kate e Gerry McCann.
A jovem viajou da Polónia para o Reino Unido para se encontrar com Karen Spragg que morava em Cardiff, no País de Gales, que também foi detida.
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