Em menos de um ano desde que iniciou funções para um segundo mandato, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o colégio de comissários que escolheu já enfrentaram três moções de censura. A primeira desta Comissão foi em julho deste ano e foi rejeitada com 175 votos a favor, 360 contra e 18 abstenções.
Desta vez, as moções de censura foram apresentadas pelas bancadas dos Patriotas pela Europa (extrema-direita, grupo político de que faz parte o Chega) e pela Esquerda (grupo político que BE e PCP integram nos hemiciclos de Bruxelas e Estrasburgo).
Na segunda-feira, durante a discussão das moções, os Patriotas pela Europa acusaram Ursula von der Leyen e o executivo comunitário que constituiu até 2029 de levarem a União Europeia "ao abismo", classificando o acordo alfandegário alcançado com Washington, no final de julho, como a "rendição comercial" do bloco político-económico europeu.
Já a Esquerda acusou Ursula von der Leyen de cumplicidade com o "genocídio em Gaza" perpetrado por Israel nos últimos dois anos, advogando que a presidente da Comissão Europeia não tem legitimidade para continuar a exercer funções.
A presidente da Comissão Europeia defendeu-se das críticas e disse que as duas moções "são uma armadilha" para destabilizar os desígnios do projeto da União Europeia.
No entanto, as duas moções deverão estar chumbadas à partida, uma vez que os principais grupos políticos - Partido Popular Europeu (PPE, que tem a maior representação nos hemiciclos do PE), Socialistas & Democratas (S&D) e Renovar a Europa (liberais) - já rejeitaram acolher as propostas.
O quarto principal grupo representado nos plenários de Bruxelas (Bélgica) e Estrasburgo (França), os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR, na sigla em inglês, entre a direita conservadora e a extrema-direita) disse que não ia acolher a proposta da Esquerda, por "não falar de nada" sobre a União Europeia, mas aludiu à possibilidade de votar favoravelmente a proposta dos Patriotas pela Europa.
A aprovação significaria a queda de todo o executivo.
Desde as primeiras eleições europeias, em 1979, foram apresentadas até hoje nove moções de censura, mas nenhuma resultou na queda de um executivo comunitário.
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