Bruxelas, 08 out 2025 (Lusa) -- As necessidades de financiamento da Ucrânia, nomeadamente através da utilização dos ativos russos congelados, a necessidade de criar o muro de drones no flanco leste e a resolução dos problemas habitacionais vão dominar a próxima reunião do Conselho Europeu.
Depois das discussões mantidas na reunião informal do Conselho Europeu, que decorreu na semana passada em Copenhaga (Dinamarca), a necessidade de encontrar mais financiamento para a Ucrânia conseguir combater a invasão russa vai voltar a ser o principal tópico de debate entre os líderes dos 27 da União Europeia (UE), que estarão reunidos em Bruxelas nos dias 23 e 24 de outubro, disse à Lusa um alto funcionário europeu, após uma reunião dos embaixadores que representam os Estados-membros junto do bloco comunitário.
Num momento em que as perspetivas de um cessar-fogo entre Kiev e Moscovo aparecem reduzidas, depois dos esforços de Washington durante o verão, a UE olha para um apoio a longo prazo que seja sustentável e que permita continuar a financiar a Ucrânia.
Em cima da mesa está a utilização dos ativos russos congelados nos países da UE, mas a proposta ainda não está finalizada e também não reúne consenso.
A Bélgica, por exemplo, já apresentou reservas quanto à legalidade desta ideia, que pode passar por só deixar a Rússia reaver estes bens depois de feitas as reparações à Ucrânia, num cenário de acordo de paz.
A discussão deste tópico passou por cima de todos os outros assuntos na reunião informal de líderes e prolongou-a além do que era esperado.
A mesma fonte europeia avançou à Lusa que também vai ser feito um apelo dos líderes dos 27 Estados-membros para avançar na prontidão da UE para responder a ameaças, nomeadamente da Rússia, após as recentes incursões (drones e caças) a pelo menos quatro países do bloco comunitário europeu (Polónia, Estónia, Roménia e Dinamarca).
Por isso, os chefes de Estado e de Governo deverão dar "luz verde" à construção, em prazo reduzido, do chamado "muro de drones", que não é mais do que um sistema de deteção e neutralização de drones que atravessem as fronteiras da UE.
A cimeira também abordará pela primeira vez a crise na habitação que é hoje transversal a todos os países do bloco político-económico europeu, nomeadamente em Portugal, que registou a maior subida dos preços das rendas e para aquisição nos últimos meses.
Está previsto um debate político sobre uma abordagem para resolver o problema, para dar à Comissão Europeia linhas para as propostas que vai criar.
As tensões no Médio Oriente, em plena perspetiva de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, as migrações, um ano depois da aprovação das alterações legislativas europeias em matéria de asilo e entrada de imigrantes, e o reenquadramento dos objetivos climáticos da União Europeia para 2040 farão parte também da discussão.
Apesar da longa agenda dos trabalhos, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, mantém a ambição de fazê-la em apenas um dia, indicou ainda à Lusa o alto funcionário europeu.
Leia Também: Países europeus e árabes discutem futuros compromissos com a Palestina