Regressados ao seu país, os ativistas afirmaram que foram identificados e maltratados após os guardas israelitas perceberem que eram da África do Sul.
Mandla Mandela, um dos ativistas detidos e neto de Nelson Mandela, primeiro Presidente negro sul-africano, declarou que os ativistas sul-africanos na flotilha foram maltratados porque o seu país confrontou Israel sobre as suas ações em Gaza, levando o caso ao Tribunal Internacional de Justiça.
"Somos uma nação que ousou, por meio do nosso Governo, levar o 'apartheid' de Israel ao Tribunal Internacional de Justiça e ao Tribunal Penal Internacional e responsabilizá-los", acrescentou.
Desde 2023, a África do Sul está envolvida num caso controverso no tribunal superior das Nações Unidas, acusando Israel de genocídio em Gaza, sendo apoiada por diversos países como a Nicarágua, a Turquia, a Espanha, o México, a Líbia e a Colômbia.
Segundo as ativistas sul-africanas Fatima Hendricks e Zaheera Soomar, os seus 'hijabs' (véus islâmicos) foram removidos à força enquanto estavam detidas por Israel, o que não aconteceu com outras ativistas muçulmanas.
"Nós as duas fomos forçadas a ficar atrás de uma tela, com as cabeças encostadas na parede e completamente nuas na frente de soldados israelitas. Isso não aconteceu com as outras mulheres", contou Soomar, acrescentando que só foram tratadas desta maneira quando as autoridades viram os seus passaportes sul-africanos.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel negou veementemente qualquer alegação de maus-tratos e observou que todos os ativistas tiveram a oportunidade de serem deportados voluntariamente sem detenção.
Os seis sul-africanos estavam entre os cerca de 450 ativistas presos quando as forças israelitas intercetaram a Flotilha Global Sumud, uma frota de 42 barcos que visava romper o bloqueio israelita e entregar ajuda humanitária em Gaza.
A ativista ambiental sueca Greta Thunberg e ativistas de outros países também alegaram ter sido maltratados por guardas israelitas, alegações que Israel negou e descreveu como "mentiras descaradas".
Os militares israelitas intercetaram outra flotilha na manhã de hoje e detiveram vários outros ativistas.
A África do Sul apoia a causa palestiniana há muito tempo, desde a presidência de Nelson Mandela.
O país africano comparou o tratamento dado por Israel aos palestinianos ao tratamento dado pelo governo do 'apartheid' da África do Sul aos sul-africanos negros durante o período de segregação racial.
Israel rejeitou essa comparação e a alegação de que está a cometer genocídio contra os palestinianos em Gaza e acusou a África do Sul de ser o "braço direito" do Hamas.
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