O mais alto tribunal da ordem judicial francesa analisou hoje o último recurso do antigo chefe de Estado (2007--2012) no caso Bygmalion, no qual foi condenado em segunda instância a um ano de prisão, dos quais seis meses efetivos.
Se reconhecer a validade do recurso, o Tribunal de Cassação poderá ordenar um novo julgamento.
Caso contrário, o processo resultará na segunda condenação penal definitiva inscrita no registo criminal de Nicolas Sarkozy, depois de uma anterior relacionada com o caso das escutas, segundo fonte próxima do processo.
As investigações revelaram que, para encobrir a explosão das despesas da sua campanha - quase 43 milhões de euros quando o limite autorizado era de 22,5 milhões - foi implementado um sistema de faturação dupla no seio da UMP (antigo nome do partido conservador de Sarkozy, atualmente chamado Republicanos).
"Nada foi materialmente constatado pelo tribunal de recurso quanto a uma participação ativa do Presidente Sarkozy" na ultrapassagem dos limites de despesas de campanha, defendeu o seu advogado, Emmanuel Piwnica, durante a audiência do recurso, defendendo que o seu cliente "não cometeu o crime de que foi acusado".
O ex-chefe de Estado francês é visado como beneficiário de um financiamento político ilegal.
Nicolas Sarkozy foi recentemente condenado a cinco anos de prisão efetiva por financiamento da campanha Presidencial vitoriosa de 2007 com dinheiro do governo do então líder líbio Muammar Kadafi, ao ser considerado culpado de associação criminosa.
Embora tenha recorrido da decisão, o antigo Presidente será brevemente preso, uma estreia na história da República Francesa. As condições da sua detenção serão conhecidas na segunda-feira.
Entretanto, Sarkozy recusou a hipótese de ser perdoado com uma graça presidencial.
"Para ser perdoado, é preciso aceitar a pena e, portanto, reconhecer a culpa. Jamais reconhecerei uma culpa por algo que não fiz", declarou numa entrevista após a sua condenação.
Em dezembro de 2024, o Tribunal de Cassação já tinha confirmado outra condenação de Sarkozy a um ano de prisão efetiva com pulseira eletrónica, por corrupção e tráfico de influências no chamado caso das escutas.
O antigo líder da direita, hoje com 70 anos, usou a pulseira entre fevereiro e maio, tendo depois obtido liberdade condicional a meio da pena, nomeadamente devido à idade.
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