"Não creio que haja um caso semelhante no mundo ou na história com uma denúncia [ao TPI] como esta", ironizou Meloni numa entrevista a um programa de televisão pública (RAI), que será transmitido esta noite e do qual foram divulgados alguns excertos.
Meloni referia-se a uma notícia recente segundo a qual o grupo Juristas e Advogados pela Palestina (GAP) a denunciou ao TPI por alegada cumplicidade com Israel, juntamente com os seus ministros dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, e da Defesa, Guido Crosetto, e ainda o presidente executivo da empresa de equipamento de defesa Leonardo, Roberto Cingolani.
Nesse sentido, a líder conservadora denunciou "um clima cada vez mais bárbaro" e afirmou ter "perdido a conta" às ameaças de morte que lhe foram dirigidas.
"A Itália já passou por isso. Vejo muitas coisas que começamos a ver como normais, mas que não são. E acredito que há responsáveis... por exemplo, aqueles que dizem que tenho sangue nas mãos ou que este governo é cúmplice de genocídio", criticou, no 2º aniversário do ataque do Hamas contra Gaza.
O ataque do movimento extremista palestiniano Hamas em outubro de 2023 contra Israel matou 1.219 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas.
Os militantes do movimento, considerado terrorista pelos países ocidentais, fizeram ainda 251 reféns, 47 dos quais permanecem em Gaza. Destes, o exército israelita afirma que 25 morreram.
A ofensiva retaliativa israelita matou mais de 67 mil palestinianos nos últimos dois anos, de acordo com dados do Ministério da Saúde em território controlado pelo Hamas, que as Nações Unidas consideram credíveis.
Israel acusa o Hamas de usar civis palestinianos como escudos, escondendo os seus guerrilheiros entre a população e em edifícios civis, incluindo escolas e hospitais.
Meloni referiu-se ainda às manifestações e greves de apoio a Gaza e à Flotilha Global Sumud nos últimos dias em Itália, entre as maiores de toda a Europa.
Acusou a maior confederação sindical do país, a CGIL, que organizou uma greve na sexta-feira, de "estar muito mais interessado em defender a esquerda do que os trabalhadores".
Manifestando o seu "grande respeito" pelas manifestações, enfatizou que os distúrbios relatados em cidades como Roma, Milão e Turim (norte de Itália) foram "organizados".
O governo italiano não se juntou ao movimento de reconhecimento da Palestina por vários países europeus, incluindo Portugal, defendendo que fazê-lo prematuramente seria "contraproducente" e colocando condições.
Apesar de apoiar a solução de dois Estados (Israel e Palestina), o governo italiano condiciona o reconhecimento de um Estado palestiniano a que este em simultâneo reconheça o Estado israelita, o que movimentos radicais como o Hamas rejeitam.
Meloni exige ainda que todos os reféns israelitas sejam libertados e o Hamas seja excluído de qualquer papel futuro no governo de Gaza, como condição para reconhecer o Estado palestiniano.
A Itália absteve-se na votação de uma resolução na Assembleia Geral da ONU para reforçar os direitos da Palestina como Estado Observador.
Na entrevista, Meloni denunciou ainda a presença de uma faixa que celebrava o ataque do Hamas a 07 de outubro de 2023, à frente de uma grande manifestação que varreu Roma no passado sábado e atraiu pelo menos 250 mil pessoas, segundo a polícia.
"Uma das faixas celebrava o terror de 07 de outubro. Quando alguém que elogia o terrorismo do Hamas tem permissão para liderar uma manifestação, talvez seja um pouco ingénua a hipótese de se tratar de infiltrados", observou.
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