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Supervisão do cessar-fogo no Sudão do Sul teme nova guerra civil

A Comissão Reconstituída de Monitorização e Avaliação Conjunta (RJMEC) do Sudão do Sul teme nova guerra civil e denuncia que as partes envolvidas no acordo de paz têm recrutado combatentes e sequestrado crianças para o conflito.

Supervisão do cessar-fogo no Sudão do Sul teme nova guerra civil

© ShutterStock

Lusa
07/10/2025 17:22 ‧ há 3 horas por Lusa

De acordo com declarações da RJMEC, hoje numa reunião em Juba - que contou com a presença de membros seniores do Governo do Sudão do Sul, incluindo oficiais militares, bem como representantes dos principais partidos da oposição e da maioria dos embaixadores presentes no país - o exército do Sudão do Sul iniciou, em junho, uma campanha de recrutamento de 4.000 elementos, alegadamente para a manutenção da paz, e abriu um novo centro de treino em agosto.

 

A RJMEC afirma também que recebeu relatórios que indicam que todos os lados do conflito sequestraram ou mobilizaram crianças para participar no conflito, e que os combatentes se envolveram em atos de violência sexual.

Os relatórios, também partilhados com o Conselho de Segurança da ONU, são suscetíveis de aumentar a preocupação de que o Governo do Sudão do Sul e os grupos de oposição estejam a preparar-se para uma nova escalada de conflito.

O renovado combate entre o exército do Sudão do Sul e os combatentes da oposição leais a Riek Machar --- que enfrenta um julgamento criminal após o Presidente, Salva Kiir, ter declarado que o suspendia como seu 'vice' --- intensificou-se desde o final de 2024.

Isso suscitou preocupações de que o acordo de paz de 2018, que pôs fim à guerra civil do país, esteja a colapsar.

Esse acordo também formou um Governo transitório destinado a realizar eleições assim que as suas disposições, como a integração das forças num exército nacional, fossem cumpridas.

O período transitório foi prorrogado duas vezes, a última em setembro de 2024.

Observadores internacionais e analistas dizem que muitas disposições permanecem por cumprir.

"Se os desafios atuais não forem abordados com urgência, existe um elevado risco de reversão de todos os ganhos já alcançados, e isso pode causar o colapso total do acordo", disse George Aggrey Owinow, presidente interino da RJMEC, hoje na reunião em Juba.

Foi a primeira vez que o órgão se reuniu desde fevereiro, após várias reuniões terem sido canceladas, algumas devido a preocupações de segurança.

Uma declaração lida por Anita Kiki Gbeho, a segunda funcionária mais sénior da ONU no país, indicou que as baixas civis resultantes do conflito entre janeiro e setembro aumentaram 59% em comparação com o mesmo período de 2024.

Cerca de 321.000 pessoas foram deslocadas pelos combates e os incidentes que afetaram o acesso humanitário duplicaram em relação ao ano anterior, disse.

O ministro do Sudão do Sul Martin Elia Lomuro minimizou os receios.

"Gostaria de assegurar-lhe que as suas preocupações estão a ser tidas em consideração, mas não vão ser prejudiciais nem desviar o processo de paz", disse Lomuro na reunião.

Alimentando ainda mais os receios de guerra está o julgamento de Machar, que enfrenta acusações incluindo terrorismo e crimes contra a humanidade.

Machar está sob prisão domiciliária desde março, depois de uma milícia ter tomado de assalto uma guarnição militar na cidade de Nasir, matando mais de 250 soldados, segundo as autoridades.

O Governo alega que Machar e outros membros do seu partido incitaram a violência e forneceram fundos à milícia. Machar negou essas acusações e afirmou que tomou várias medidas para acalmar os combates e retirar soldados isolados.

No tribunal, apelou a que um organismo neutro investigasse os factos.

A RJMEC está a instar à libertação de Machar.

Leia Também: Deportações dos EUA para África? Human Rights Watch reitera preocupações

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