Em comunicado, a HRW considera "obscuros" os acordos que facilitam as transferências de imigrantes dos Estados Unidos por violarem o direito internacional, sublinhando que as deportações visam instrumentalizar o "sofrimento humano".
A organização de defesa dos direitos humanos instou os governos africanos a recusarem assinarem os acordos para aceitarem os deportados dos Estados Unidos e a rescindirem os documentos que já estão em vigor.
A HRW pediu ainda aos países signatários a divulgarem os detalhes que constam dos acordos e que autorizem o acesso a investigadores independentes.
Da mesma forma, segundo a organização, os países dispostos a cumprir o acordo devem abster-se de deter quaisquer deportados sem uma base legal "clara" e devem garantir que nenhuma pessoa é devolvida ao país de origem se houver provas credíveis de que pode enfrentar riscos de perseguição ou tortura.
Allan Ngari, diretor da Human Rights Watch para África acusou os governos africanos, parceiros dos Estados Unidos, de violarem os direitos humanos dos imigrantes expulsos do território norte-americano.
O documento, a HRW recorda que em agosto, o porta-voz do Governo ruandês, Yolande Makolo, afirmou que o Ruanda tinha concordado em aceitar até 250 deportados, um número muito superior ao reportado para Essuatíni ou Sudão do Sul.
Segundo a organização, estes países receberam 7,5 milhões de dólares de apoio financeiro dos Estados Unidos.
A organização não-governamental com sede em Washington analisou também o acordo firmado entre os Estados Unidos e o Essuatíni, segundo o qual os Estados Unidos vão disponibilizar 5,1 milhões de dólares para desenvolver a capacidade de gestão de fronteiras e migração.
Em troca, o país africano vai receber até 160 deportados dos Estados Unidos.
Até ao momento, o Essuatíni, que faz fronteira com a África do Sul e Moçambique, recebeu, pelo menos, cinco cidadãos originários de Cuba, Jamaica, Laos, Vietname e do Iémen e que se encontram no Complexo Correcional de Matsapha em "condições adversas".
Um responsável de Essuatínidisse à Human Rights Watch que o país está a preparar-se para receber mais 150 pessoas.
Advogados e grupos da sociedade civil contestaram a legalidade da detenção dos deportados dos Estados Unidos.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional do Sudão do Sul confirmou em 04 de setembro que mantinha presos sete estrangeiros deportados dos Estados Unidos.
No Uganda, o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou em comunicado que foi assinado um acordo de cooperação bilateral temporário com os Estados Unidos.
De acordo com os termos, o Uganda vai receber deportados - de países terceiros - e que se encontravam nos Estados Unidos referindo que não vai aceitar "indivíduos com antecedentes criminais e menores não acompanhados".
O Presidente ganês, John Mahama, confirmou que o Governo de Acra concordou em aceitar cidadãos estrangeiros que se encontravam nos Estados Unidos.
No caso do Gana, o acordo está limitado aos cidadãos da África Ocidental.
Até ao momento, cinco cidadãos da Nigéria e da Gâmbia foram expulsos para o Gana ao abrigo do acordo estabelecido com os Estados Unidos.
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