"A nossa equipa jurídica apresentou duas queixas ao Ministério Público de Roma pelo rapto dos ativistas e pelos ataques que sofremos em águas internacionais, que puseram as nossas vidas em risco", disse hoje a porta-voz italiana da flotilha, Maria Elena Delia, numa conferência de imprensa com os parlamentares italianos que já regressaram ao seu país.
Delia sustentou que "todos" os ativistas que permanecem em Israel, assim como os que já foram deportados foram "detidos ilegalmente, sem qualquer base legal, pela Marinha israelita em águas internacionais, sem terem cometido qualquer crime".
Além disso, após a sua transferência para um centro de detenção no deserto israelita, "foram privados do direito à defesa e do fornecimento de bens e serviços essenciais, como água, alimentação e higiene".
Por estas razões, a delegação italiana denunciou este tratamento e estes acontecimentos, embora, no caso dos alegados ataques de drones sofridos pelos navios da flotilha - perto de Tunes e noutros momentos da viagem - ninguém foi identificado como responsável, afirmou.
Delia abriu a conferência de imprensa dos quatro parlamentares da oposição italiana que estiveram a bordo da flotilha, que foram devolvidos de imediato para Itália pelas autoridades israelitas, por reconhecerem a sua imunidade.
São eles o deputado do Partido Democrata Arturo Scotto e a sua colega de partido, a eurodeputada Annalisa Corrado, o senador do Movimento 5 Estrelas (M5S, na sigla em italiano) Marco Croatti, e a eurodeputada do Partido Verde e Esquerdas Benedetta Scuderi.
Os quatro políticos preferiram não entrar em pormenores sobre o seu tratamento, uma vez que centenas de ativistas --- mais de 400 --- continuam detidos na prisão israelita de Saharonim.
A principal reivindicação dos parlamentares era a libertação de todos, mas também aproveitaram a oportunidade para criticar algumas declarações da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que acusou a flotilha de, entre outras coisas, ameaçar potenciais planos de paz para Gaza.
Após o regresso destes parlamentares, o ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, anunciou a saída do território israelita de um primeiro grupo de 26 ativistas do seu país, que aceitaram a expulsão voluntária proposta pelas autoridades de Israel.
Outros 15 italianos que optaram por não assinar vão permanecer na prisão israelita e deverão aguardar a decisão de um juiz sobre a sua expulsão, provavelmente na próxima semana.
As autoridades israelitas detiveram cerca de 450 ativistas de vários países, que viajavam a bordo da Flotilha Global Sumud, na prisão do deserto de Saharonim. A flotilha foi abordada pela Marinha de Israel na noite da passada quarta-feira, quando tentava chegar a Gaza para romper o bloqueio e entregar ajuda humanitária.
Leia Também: Itália anuncia saída de Israel do primeiro grupo de 26 ativistas da flotilha