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Europa preparada para reagir a ataques de drones? "Neste momento, não"

O ex-comandante do exército dos EUA na Europa Ben Hodges diz que a Rússia continua a explorar a "incapacidade da NATO para agir com determinação" aos ataques de drones e alerta que a Europa não está preparada.

Europa preparada para reagir a ataques de drones? "Neste momento, não"

© Getty Images

Lusa
04/10/2025 10:53 ‧ há 11 horas por Lusa

Mundo

Ben Hodges

Em entrevista à Lusa, Ben Hodges, que hoje participa no Fórum La Toja - Vínculo Atlântico, alertou que "a lição deve ser aprendida com os ucranianos, que recebem 500 drones todas as noites".

 

"E não conseguimos parar oito ou nove? Isso é incrível para mim. Devíamos ter defesas à volta de todos os nossos aeroportos e portos marítimos [na Europa], à semelhança do que fazem os ucranianos", sustentou.

Questionado sobre se acha que a Europa está preparada para reagir, Hodges é perentório: "Neste momento, não".

"Temos capacidades, mas se começassem a lançar drones com armas, em vez de pequenos drones, e destruíssem alguns dos nossos aeroportos e portos marítimos, levaria algum tempo a ripostar", reconheceu.

Ben Hodges, que comandou o exército dos EUA na Europa entre 2014 e 2018, questiona "como é possível" que o aeroporto de Munique tenha sido "encerrado por causa dos drones russos".

"Eles viram a Dinamarca na semana passada. Todos os seus aeroportos foram encerrados por drones russos. A dada altura, as pessoas vão ter de acordar", avisou.

O ex-comandante está, no entanto, "muito confiante" na capacidade de "responder imediatamente a certas coisas, especialmente ao poder aéreo".

"Por isso, tenho relutância em dizer que não estamos preparados, mas parece-me que não estávamos preparados para estes drones", lamentou.

Hodges observou que a meta aprovada pela NATO de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em despesas com a Defesa até 2035 inclui a proteção de infraestruturas de transporte, o que considera "uma abordagem muito inteligente".

"Durante a Guerra Fria, estávamos a 5%. A Alemanha era cerca de 4,5% durante a Guerra Fria. Portanto, isto é perfeitamente possível. É absolutamente viável. E gosto do facto de, dos 5%, 1,5% se destinarem a infraestruturas. Isso significa caminhos-de-ferro, portos marítimos, aeroportos, tudo o que é necessário para uma mobilização rápida, para transportar munições, por exemplo, e também para a proteção cibernética dessas infraestruturas", explicou.

O ex-comandante considera que a NATO "tem de estar preparada" para este tipo de ataques.

"Isto vai continuar até que haja algumas consequências. Ou os abatemos, ou os deitamos abaixo de alguma forma, ou tem de ter consequências económicas", afirmou.

Na noite de quinta-feira, o tráfego aéreo foi suspenso durante nove horas no aeroporto de Munique devido ao sobrevoo de drones de origem desconhecida, disse um porta-voz da Polícia Federal da Alemanha à agência de notícias France-Presse.

Em 23 de setembro, o Presidente norte-americano, Donald Trump, defendeu que os países da NATO devem abater os aviões russos que violam o seu espaço aéreo, na sequência das recentes incursões na Polónia, Roménia, Estónia, e Dinamarca.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado, em ofensivas com drones, alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.

Leia Também: Europa "tem de dizer basta" e ajudar Ucrânia a derrotar Rússia

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