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ACLED contabiliza 6.257 mortos em oito anos de violência em Cabo Delgado

O Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED) contabiliza 6.257 mortos ao fim de oito anos de ataques terroristas em Cabo Delgado, Moçambique, alertando para a instabilidade atual, com o recrudescimento da violência.

ACLED contabiliza 6.257 mortos em oito anos de violência em Cabo Delgado

© Lusa

Lusa
04/10/2025 07:35 ‧ há 18 horas por Lusa

"A situação é bastante instável. Em setembro, o Estado Islâmico de Moçambique (ISM) estava ativo em onze distritos de Cabo Delgado e também cruzou para Nampula no final do mês", disse à Lusa Peter Bofin, investigador da ACLED.

 

A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques terroristas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito da Mocímboa da Praia.

Segundo Peter Bofin, investigador sénior desta organização que reúne e analisa dados sobre conflitos violentos e protestos em todo o mundo, desde outubro de 2017 foram registados em Cabo Delgado pelo menos "2.209 eventos de violência", com "6.257 mortes relatadas", sendo pelo menos 2.631 civis.

"Ao contrário de 2021, quando atacou Palma, o grupo agora opera em pequenas células muito móveis. Isso permite que eles atuem em grande parte da província, um padrão que sobrecarrega os recursos das forças de segurança, embora provavelmente haja menos de 400 combatentes do ISM", disse o investigador.

"A atividade do ISM aumentou significativamente em agosto e setembro em comparação com os meses anteriores. Pode haver uma conexão entre isso e a iminente retomada do projeto de Gás Natural Liquefeito (GNL) em Palma", acrescentou.

Aquele distrito foi o primeiro palco dos ataques, em 05 de outubro de 2017, dos grupos armados que protagonizam incursões em Cabo Delgado. A vila sede de Mocímboa da Praia chegou mesmo a funcionar como quartel-general dos rebeldes durante pouco mais de ano, até ser recuperada, em agosto de 2021, pela ação conjunta das forças governamentais moçambicanas e do Ruanda.

Para Peter Bofin, entre 2017 e março de 2021, "a insurgência fortaleceu-se, tomando Mocímboa da Praia e atacando Palma", mas as Forças de Defesa e Segurança começaram a ganhar terreno face a um grupo terrorista que agora "é muito menor, cerca de 2.000 combatentes na época, agora menos de 400 e não está em condições de tomar cidades como antes".

"No entanto, o grupo é extremamente resiliente. Permaneceu unido e adaptou-se taticamente para operar em pequenos grupos. Dessa forma, conseguiu criar uma perturbação considerável. Por exemplo, duas incursões em Mocímboa da Praia este mês levaram muitos a abandonarem a cidade e criaram tensões consideráveis", disse o investigador.

Face à ocorrência de novos ataques, sobretudo desde julho passado, o investigador prevê a continuação da insurgência nos próximos tempos: "O grupo é resiliente, com acesso a fundos e armas adequados para se sustentar. A menos que ameace diretamente a fábrica de GNL, é improvável que as forças ruandesas, mais bem equipadas e anteriormente eficazes, se tornem mais ativas contra ela".

As agências das Nações Unidas relataram que quase 22 mil pessoas fugiram de três distritos de Cabo Delgado, incluindo Mocímboa da praia, de 19 a 26 de setembro, devido ao recrudescimento dos ataques, que em oito anos já provocaram mais de um milhão de deslocados, segundo estimativas oficiais.

O investigador elogiou a atuação das forças moçambicanas no combate à insurgência, sobretudo a partir de 2021, após o que considerou de "estabilização da sua estrutura", apelando a esforços do Governo na capacitação do exército para melhor lidar com a insurgência.

"O Presidente Chapo identificou deficiências significativas nas Forças Armadas, incluindo corrupção, divulgação de dados sensíveis ao inimigo e favoritismo nas nomeações. Há também uma tendência alarmante das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) de visar civis, particularmente nas zonas costeiras, onde acreditam que a população pode apoiar os insurgentes", disse.

"Só quando estas questões sistémicas forem abordadas, as FADM estarão em condições de defender as comunidades no norte de Moçambique", concluiu Peter Bofin.

Leia Também: Rússia disponível para apoiar Moçambique contra o terrorismo

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