"Eu penso que nós temos uma boa experiência. Nós temos já base certa, informática, que contém os nomes dos terroristas e podemos compartilhar, podemos dar acesso a esta informação aos nossos parceiros", disse Vladimir Taravov, embaixador da Rússia em Moçambique, citado hoje pela comunicação social.
Desde 2017, Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, que chegaram a provocar mais de um milhão de deslocados e pelo menos 349 mortos só em 2024, segundo dados oficiais.
Segundo o diplomata russo, além de informações, aquele país europeu quer partilhar ainda a sua experiência em como "derrubar" o terrorismo em Moçambique, referindo que a Rússia tem "uma boa experiência da luta contra o terrorismo".
"Antes de tudo, nós temos que combinar qual é a ajuda de que necessita agora Moçambique. Qual tecnologia, quais as aparelhagens", avançou o embaixador.
Vladimir Taravov explicou que, com o conflito travado com a Ucrânia, a Rússia busca agora novas oportunidades de cooperação e parcerias em África, sendo Moçambique um parceiro importante também na vertente comercial e política.
"Estamos a preparar uma visita oficial de Estado do Presidente da República de Moçambique [Daniel Chapo] para a Rússia, e [Vladimir] Putin já formulou o convite, para reforçar a nossa relação e também ampliar as relações, não só políticas, mas também económicas", acrescentou.
O responsável assinalou também que atualmente há muitas empresas russas que querem investir em Moçambique e vice-versa.
"Esperamos que os empresários de Moçambique possam investir na Rússia, porque nós temos várias áreas para isso", concluiu.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, anunciou, em junho, em Moscovo, após um encontro com a sua homóloga moçambicana, que a Rússia pode ajudar Moçambique na sua defesa interna e que brevemente irá visitar a nação lusófona.
"Temos uma tradição de cooperação na defesa (...). Confirmamos a nossa prontidão para considerar todos os pedidos dos nossos amigos moçambicanos sobre questões relacionadas com a necessidade de reforçar a sua capacidade de defesa e potencial antiterrorista", salientou o ministro russo.
Lavrov sublinhou que ameaças à segurança, nomeadamente por terrorismo, continuam a afetar Moçambique e outras nações africanas e confirmou que vai visitar Moçambique, sem precisar uma data, após ter sido convidado pela diplomata moçambicana.
A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana disse na altura que o país quer atrair o setor privado russo, nomeadamente para a exploração de gás e petróleo.
"Como disse o ministro Sergey Lavrov, as nossas relações político-diplomáticas são muito boas, e as nossas relações a nível partidário são excelentes, assim como as relações interparlamentares (...). Nós estamos a trabalhar juntos para o fortalecimento destas relações, mas também para melhorarmos e consolidarmos a parte económica e comercial", declarou a chefe da diplomacia moçambicana, Maria Santos Lucas, numa conferência de imprensa, no final da reunião com o seu homólogo russo.
"Sentimos que temos que trazer o setor privado da Rússia para Moçambique", acrescentou.
A província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas desde então.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados.
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