"O Governo brasileiro condena, nos mais fortes termos, a intercetação ilegal e a detenção arbitrária, por Israel, na última madrugada, em águas internacionais, das embarcações que integram a "Flotilha Global Sumud", disse o Ministério das Relações Exteriores, em comunicado.
As autoridades brasileiras condenaram ainda "a detenção ilegal de ativistas pacíficos, dentre os quais quinze nacionais brasileiros, incluindo a Deputada Federal Luizianne Lins", filiada ao Partido dos Trabalhadores.
O Brasil exortou as autoridades israelitas a "libertarem imediatamente os cidadãos brasileiros e demais defensores de direitos humanos detidos".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, através da Embaixada do Brasil em Tel Aviv e da Embaixada de Israel em Brasília, foi formalmente notificado da inconformidade do Brasil com as ações do Governo de Israel.
"Tendo em vista o caráter pacífico da flotilha e seu objetivo de realizar entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, sua intercetação por forças israelitas constitui grave violação ao direito internacional, incluindo o direito marítimo internacional, em particular a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), que consagra a liberdade de navegação", frisou a diplomacia brasileira.
O Brasil sublinhou ainda que Israel deverá ser responsabilizada "por quaisquer atos ilegais e violentos cometidos contra a Flotilha e contra os ativistas pacíficos que dela participam".
O Brasil reconhece o Estado da Palestina desde 2010 e tem frisado que o único caminho para a paz é a implementação da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, coexistindo lado a lado com Israel, com as fronteiras definidas desde 1967, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, com Jerusalém Oriental como capital.
O Presidente brasileiro tem sido um dos chefes de Estados mais vocais contra o Governo israelita, que declarou Lula da Silva e "persona non grata" por este afirmar que o país está a cometer um "genocídio" na Faixa de Gaza, e ter comparado o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a Adolf Hitler.
As forças israelitas intercetaram entre a noite de quarta-feira e a manhã de hoje a Flotilha Global Sumud, com cerca de 50 embarcações, que se dirigia à Faixa de Gaza para entregar ajuda humanitária, detendo os participantes, incluindo quatro cidadãos portugueses: a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse hoje esperar que os cidadãos portugueses possam regressar ao país "sem nenhum incidente", considerando que a mensagem da flotilha humanitária foi transmitida.
Também foram detidos 30 espanhóis, 22 italianos, 21 turcos, 12 malaios, 11 tunisinos, 11 brasileiros e 10 franceses, bem como cidadãos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, México e Colômbia, entre muitos outros -- os organizadores denunciaram a falta de informação sobre o paradeiro de 443 participantes da missão humanitária.
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