"Depois de as autoridades israelitas terem inicialmente negado o acesso [dos ativistas a advogados] e começado as audiências sem aconselhamento jurídico, a equipa jurídica do Adalah já chegou ao porto e vai realizá-lo", indicou o Adalah, grupo pró-palestiniano de advogados da flotilha.
Há mais de 500 ativistas que foram detidos em águas internacionais perto da Faixa de Gaza, entre os quais quatro portugueses: a dirigente bloquista Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte, a atriz Sofia Aparício e um quarto cidadão português cuja identidade não foi ainda divulgada.
Por parte do Governo israelita, apenas o Ministério dos Negócios Estrangeiros informou que os ativistas se encontravam "bem de saúde" e estavam a ser transportados para território israelita.
No entanto, o Governo israelita ainda não confirmou oficialmente a chegada dos navios ao porto de Ashdod, nem o início das audiências de deportação.
Todos estes ativistas, dependendo dos crimes de que são acusados, correm o risco de serem proibidos de entrar em Israel durante anos.
O grupo pró-palestiniano de advogados Adalah tinha hoje de manhã acusado Israel de estar a negar acesso a defesa jurídica aos ativistas da Flotilha Global Sumud intercetados pelo Exército israelita a caminho de Gaza, com ajuda humanitária.
"Após a interceção ilegal de dezenas de barcos da Flotilha Global Sumud na noite passada e esta manhã, a Adalah recebeu telefonemas de participantes a relatar que as autoridades de imigração já iniciaram audiências de deportação e emitiram mandados de captura para eles no porto de Ashdod", afirmou o grupo, num comunicado.
Isto "constitui uma grave violação do devido processo legal e é uma negação dos direitos fundamentais dos participantes [da flotilha]", sustentaram, tendo sublinhado que continuariam a tentar ter acesso aos detidos para "tomar as medidas legais necessárias".
Além dos quatro ativistas portugueses, foram também detidos 30 espanhóis, 22 italianos, 21 turcos, 12 malaios, 11 tunisinos, 11 brasileiros e 10 franceses, bem como cidadãos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, México e Colômbia, entre muitos outros.
Nos termos da lei israelita, uma vez detidos, os membros da flotilha podem ser deportados 72 horas após emitida a respetiva ordem.
Podem também aceitar a expulsão voluntariamente, como aconteceu com quatro dos 12 ativistas a bordo de uma embarcação intercetada por Israel em junho.
Os organizadores da flotilha por Gaza denunciaram a falta de informação sobre o paradeiro de 443 participantes da missão humanitária.
A missão classificou a operação de Israel como "novos atos de agressão contra civis desarmados" e afirmou que os voluntários foram "atacados com canhões de água" e "borrifados com água contaminada".
A flotilha pretendia entregar ajuda (alimentos e medicamentos) à população da Faixa de Gaza, romper o cerco de Israel ao território palestiniano e abrir um corredor humanitário permanente.
A guerra declarada por Israel a 07 de outubro de 2023 em Gaza para "erradicar" o movimento islamita palestiniano Hamas -- horas após um ataque a território israelita com cerca de 1.200 mortos e 251 reféns - fez, até agora, pelo menos 66.225 mortos e 168.938 feridos, na maioria civis, segundo números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
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