A intenção do executivo foi comunicada formalmente ao Parlamento dos Países Baixos.
A medida, considerada "excecional" e aplicável apenas a casos graves, responde à falta de capacidades médicas nos países vizinhos, como o Egito e a Jordânia, para lidar com casos de saúde mais complexos.
Até ao momento o Governo de Haia tem rejeitado a retirada de crianças de Gaza com necessidades médicas, apesar das insistências do Parlamento.
A carta enviada hoje aos deputados refere que as crianças que necessitam de cuidados especializados dependem quase exclusivamente dos cuidados médicos de urgência no estrangeiro.
A Jordânia, por razões financeiras e de capacidade, optou por não admitir, por enquanto, casos que exijam múltiplas cirurgias ou tratamentos prolongados, enquanto o Egito justificou que enfrentava escassez de recursos médicos.
O documento enviado ao Parlamento de Haia indicou também que o eventual acolhimento nos Países Baixos tem de ser realizado sob condições rigorosas, com o aconselhamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), e tendo em conta a disponibilidade hospitalar nacional, requisitos de segurança e impondo um número limitado de acompanhantes.
Em consonância com a posição que foi transmitida nos últimos meses, o Governo neerlandês insistiu que a prioridade continua a ser o reforço da capacidade na área da saúde na própria região, mas reconheceu que os casos mais complexos exigem esforços adicionais.
Os Países Baixos atribuíram 25 milhões de euros adicionais para aliviar a crise no enclave palestiniano, financiando tratamentos médicos e reforçando os hospitais em Gaza, no Egito e na Jordânia.
Parte destes fundos foram canalizados através de parceiros humanitários como a OMS, UNICEF, Save the Children e a Cruz Vermelha.
De acordo com os dados mais recentes da OMS, mais de 15.600 doentes de Gaza, incluindo 3.800 crianças, estão ainda em lista de espera para retirada médica de emergência, embora o número real seja três a quatro vezes superior devido aos registos incompletos.
Desde outubro de 2023, apenas 7.802 doentes conseguiram sair de Gaza para tratamentos no estrangeiro, a maioria deles para o Egito, Emirados Árabes Unidos e Qatar, de acordo com a carta do Governo holandês.
Em meados de setembro, o Parlamento neerlanddês rejeitou por um único voto uma moção que apelava à retirada de crianças de Gaza gravemente doentes para os Países Baixos, apesar da pressão de grupos humanitários e da oposição.
A proposta recebeu 74 votos a favor e 75 contra, refletindo a divisão política sobre o papel dos Países Baixos na crise humanitária na Faixa de Gaza.
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