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Muçulmanos rohingya pedem ajuda na ONU para parar assassínios em Myanmar

Os muçulmanos rohingya apelaram à comunidade internacional, na primeira reunião de alto nível das Nações Unidas sobre a situação da minoria étnica, que impeça os massacres em Myanmar (antiga Birmânia).

Muçulmanos rohingya pedem ajuda na ONU para parar assassínios em Myanmar

© Lusa

Lusa
02/10/2025 06:17 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Myanmar

"Esta é uma ocasião histórica para Myanmar, mas já tardia", disse a rohingya Wai Wai Nu, fundadora e diretora executiva da Rede de Paz das Mulheres de Myanmar, a ministros e embaixadores de muitos dos 193 países membros das Nações Unidas, na Sala da Assembleia Geral.

 

Os rohingya e outras minorias em Myanmar sofreram décadas de deslocamento, opressão e violência, sem ver qualquer ação como resposta às conclusões de que são vítimas de genocídio, afirmou. "Esse ciclo deve acabar hoje", frisou Wai Wai Nu.

Myanmar, de maioria budista, há muito que considera a minoria muçulmana rohingya como imigrantes ilegais vindos do Bangladesh, apesar de as suas famílias viverem no país há gerações.

Quase todos tiveram a cidadania negada desde 1982. Em agosto de 2017, ataques de um grupo de insurgentes rohingya contra as forças de segurança de Myanmar desencadearam uma campanha dos militares que levou pelo menos 740 mil rohingya a fugirem para o Bangladesh.

Os militares são acusados de violações em massa, assassínios e de incendiar aldeias, e a escalada da operação levou a acusações de limpeza étnica e genocídio por parte da comunidade internacional, incluindo da ONU.

Myanmar tem sido assolado pela violência desde que, em fevereiro de 2021, os militares derrubaram o governo eleito de Aung San Suu Kyi, durante anos líder da oposição, e reprimiram brutalmente protestos não violentos.

Algo que desencadeou resistência armada e combates em todo o país por guerrilheiros pela democracia e forças armadas de minorias étnicas que tentam derrubar a junta militar, incluindo no estado de Rakhine, no oeste do país, onde dezenas de milhares de rohingya ainda vivem, muitos confinados em campos.

O alto-comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, que visitou recentemente Myanmar, disse que o Bangladesh acolhe atualmente cerca de 1,2 milhões de refugiados rohingya.

Desde que os combates entre os militares e o Exército Arakan recomeçaram em Rakhine, em 2024, mais de 150 mil rohingya procuraram segurança no país vizinho, acrescentou Grandi.

O Exército Arakan, a ala militar da minoria étnica Rakhine, que procura autonomia, controla agora quase todo aquele estado, disse Grandi, e a situação dos rohingya não melhorou.

Os muçulmanos enfrentam discriminação, ameaças de prisão, aldeias incendiadas, exclusão do trabalho, restrições à liberdade de movimentos e ao acesso à educação e cuidados de saúde restritos, afirmou o alto-comissário.

"Eles estão sujeitos a trabalho forçado e recrutamento forçado" e "as suas vidas são definidas todos os dias pelo racismo e pelo medo", disse Grandi.

A enviada especial das Nações Unidas para Myanmar, Julie Bishop, disse que havia poucos sinais de que a crise política pudesse acabar sem um cessar-fogo ou uma solução negociada.

O governo está a preparar eleições a partir do final de dezembro, mas o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse que estas não refletirão a vontade do povo nem criarão uma base para uma paz duradoura.

A eleição será realizada sob controlo militar, os rohingya não podem votar porque foram privados da cidadania, e os partidos étnicos Rakhine foram desqualificados de se candidatar.

O fundador da Arakan Youth Peace Network, Rofik Huson, disse à assembleia que, apesar de décadas de perseguição, o "desejo mais profundo" dos rohingya é viver na sua terra ancestral, Myanmar, em paz e segurança.

"No entanto, a última década mostrou que tal não é possível para nós sem apoio internacional, sem pressão internacional", sublinhou, apelando à criação de uma zona segura, supervisionada pela ONU, no norte do estado de Rakhine, ao longo da fronteira com o Bangladesh.

A presidente da Assembleia Geral, Annalena Baerbock, que presidiu a reunião, concluiu dizendo: "Hoje é apenas um ponto de partida, temos que fazer mais", prometendo um seguimento orientado para a ação.

Leia Também: Guterres pede fim da perseguição aos muçulmanos rohingya

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