"Os Estados Unidos considerarão qualquer ataque armado contra o território, a soberania ou as infraestruturas estratégicas do Qatar como uma ameaça à paz e à segurança dos Estados Unidos", lê-se no decreto assinado pelo presidente americano e datado de segunda-feira, segundo a agência de notícias francesa AFP.
"Se tal ataque ocorrer, os Estados Unidos tomarão todas as medidas legais e relevantes - diplomáticas, económicas e, se necessário, militares", adianta o decreto.
Alguns observadores nos Estados Unidos compararam estas garantias ao mecanismo de defesa coletiva da NATO, o artigo 5º.
O Qatar é um aliado incontornável dos Estados Unidos no Golfo. Além de acolher uma enorme base militar americana, desempenha um papel crucial na mediação das tentativas de Washington de pôr fim ao conflito em Gaza.
Israel levou a cabo a 9 de setembro um ataque sem precedentes no Qatar, visando responsáveis do Hamas reunidos num complexo residencial no coração de Doha, a capital deste país do Golfo.
O ataque provocou uma rara reprimenda de Donald Trump, que apesar de ser aliado de Israel, que se declarou "muito insatisfeito".
Doha "saudou a assinatura do decreto presidencial americano a reconhecer os ataques no seu território como uma ameaça à paz e à segurança dos Estados Unidos", reagiu hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar.
Durante uma chamada na segunda-feira, a partir da Casa Branca, o Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu desculpa ao seu homólogo do Qatar, sob a supervisão do chefe de Estado norte-americano.
No dia seguinte, o Qatar afirmou ter recebido, durante essa chamada, garantias de segurança por parte dos Estados Unidos e uma promessa de Israel de que não atacaria novamente o seu território.
Donald Trump deslocou-se ao Qatar em maio, no âmbito de uma viagem oficial ao Golfo, e foi recebido com uma receção calorosa. O Qatar ofereceu ao presidente americano um Boeing 747, avaliado em várias centenas de milhões de dólares, que o bilionário de 79 anos aceitou, apesar das acusações de corrupção da oposição nos Estados Unidos.
A holding familiar dirigida pelos filhos de Donald Trump anunciou, no final de abril, o lançamento de um importante projeto imobiliário no Qatar, que inclui a construção de um campo de golfe e de vilas de luxo.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, foi questionada hoje sobre o papel diplomático desempenhado com o Qatar e outros países do Golfo pelo genro do presidente americano, Jared Kushner, que não tem funções oficiais.
O marido de Ivanka Trump gere uma sociedade de investimentos à qual investidores da região, incluindo o Qatar, aportaram grandes quantias, segundo a imprensa.
"É desprezível insinuar que não seria apropriado" da parte de Jared Kushner utilizar os seus contactos para promover um plano de paz para Gaza, declarou Karoline Leavitt.
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