"Num contexto económico global e interno complexo, a economia são-tomense parece ter permanecido relativamente resiliente; tanto os fatores de oferta como os da procura estão a empurrar a inflação de volta para dois dígitos, enquanto as receitas das exportações beneficiaram da recuperação do turismo e dos preços elevados do cacau", disse o economista Slavi Slavov, que liderou a missão do FMI ao país na semana passada.
Depois de uma inflação de mais de 20% em 2023, a subida dos preços em São Tomé e Príncipe desacelerou para 14% no ano passado e a previsão do FMI para este ano aponta para uma subida de 9,6%, num contexto em que o crescimento do país deverá melhorar de 0,9% no ano passado, para cerca de 3% este ano.
"O programa apoiado pelo Fundo continua a desempenhar um papel fundamental na restauração da estabilidade macroeconómica, na promoção de reformas estruturais e na catalisação do apoio de outros parceiros de desenvolvimento", disse o responsável, nas vésperas da segunda revisão do Mecanismo de Crédito Alargado (ECF), que deverá ser feita em outubro, e ao abrigo do qual São Tomé e Príncipe deverá receber cerca de 21 milhões de euros até 2027.
O desempenho do programa em curso desde o princípio do ano "será formalmente avaliado no contexto da segunda revisão do acordo ECF, que deverá ser realizada em outubro de 2025", disse o FMI no comunicado de imprensa, que dá conta que nas discussões com os líderes políticos e financeiros, foi também debatido "o impacto da atual escassez de eletricidade, as perspetivas demográficas, o crescimento económico, a evolução da inflação, a política fiscal e monetária e as questões relacionadas com a dívida pública".
O FMI anunciou no dia 20 de dezembro de 2024 a aprovação de um acordo para São Tomé e Príncipe, no valor de 24 milhões de dólares (20,4 milhões de euros) válidos por 40 meses, para apoiar as reformas económicas e estruturais do país.
Desde a entrada em funções, em dezembro de 2022, que o Governo são-tomense tem estado a negociar um programa de crédito com o FMI, mas as partes não tinham chegado a um entendimento que permitisse ao corpo técnico do Fundo apresentar uma proposta à direção para aprovação.
O acordo foi alcançado numa altura em que São Tomé e Príncipe saiu do grupo de países menos desenvolvidos, passando a pertencer ao grupo dos Estados de rendimento médio.
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