"Ainda é muito cedo para falar sobre uma resposta, mas estamos otimistas. Este é um plano abrangente, estamos em contacto e daremos continuidade a esses contactos na reunião de hoje à noite", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros qatari, Majed al-Ansari, numa conferência de imprensa em Doha.
O Qatar garantiu que o movimento de resistência islâmico (Hamas) está a estudar, "de forma responsável", o plano de paz para Gaza apresentado segunda-feira, na Casa Branca, pelo presidente dos Estados Unidos, ao primeiro-ministro israelita.
Al-Ansari salientou que o Qatar está "satisfeito" com as garantias de segurança obtidas após a reunião de Donald Trump com Benjamin Netanyahu, dando ao mesmo tempo, conta de de que está marcada para hoje à noite uma reunião envolvendo o Hamas, Qatar e Turquia para discutir o plano.
"A delegação de negociação [do Hamas] prometeu estudar [o plano] com responsabilidade", insistiu.
O plano dos Estados Unidos para terminar com a guerra em Gaza já foi entregue ao Hamas por mediadores do Qatar e do Egito, adiantou à agência France-Presse (AFP) fonte ligada ao processo de negociações, que adiantou que o movimento de resistência islâmico o vai analisar "de boa-fé".
O primeiro-ministro do Qatar, Mohamed bin Abdulrahman al-Thani, e o chefe dos serviços de informação egípcios, Hassan Mahmoud Rashad, "acabaram de se reunir com os negociadores do Hamas e apresentaram-lhes o plano", frisou a mesma fonte, que falou sob condição de anonimato.
"Os negociadores do Hamas disseram que o iriam examinar de boa-fé e responder", acrescentou.
O acordo foi redigido por Trump e por Netanyahu e prevê a libertação imediata dos reféns pelo Hamas e a formação de um executivo de transição sem o movimento considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos que controla a Faixa de Gaza.
Trump autoproclamou-se responsável por um futuro órgão de supervisão na Faixa de Gaza e, segundo fontes oficiais, está prevista uma retirada gradual do Exército israelita e a sua substituição por uma força multinacional, embora alguns ministros israelitas se oponham à retirada militar.
Netanyahu afirmou na mesma conferência de imprensa que Israel manteria a "responsabilidade pela segurança" na Faixa de Gaza.
A Autoridade Palestiniana saudou os esforços de Trump para "pôr fim à guerra de Gaza", indicando estar "confiante de que se poderá encontrar um caminho para a paz", destacou o movimento, citado pelo 'media' Gaza Now na rede social Telegram.
Já Mahmoud Mardawi, responsável do movimento islamita, frisou que o Hamas não aceitará "nenhuma proposta que não inclua a autodeterminação do povo palestiniano e o proteja de massacres", segundo a mesma fonte.
A Jihad Islâmica, movimento armado palestiniano aliado do Hamas, considerou o plano de Trump para Gaza "uma receita para a agressão" contra os palestinianos.
"O que foi anunciado na conferência de imprensa entre Trump e Netanyahu é um acordo EUA-Israel e representa a posição de todo o 'establishment' israelita. É uma receita para a agressão contínua contra o povo palestiniano", frisou o secretário-geral da Jihad Islâmica na Palestina, Mijahid Ziad al-Nakhalah, citado pelo Gaza Now.
O membro do gabinete político do rebeldes Huthis no Iémen Muhammad al-Farah frisou que o plano de Trump "é inexequível e visa envolver o Hamas e responsabilizá-lo".
"Vai absorver o descontentamento mundial contra Israel, descarregando a solidariedade global com a Palestina", destacou, citado pelo Gaza Now.
O plano visa pôr termo à guerra em curso na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023.
O ataque do Hamas causou a morte de mais de 1.200 pessoas e 251 reféns, segundo as autoridades israelitas. A ofensiva israelita que se seguiu em Gaza provocou mais de 66.000 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas, cujos dados são considerados fiáveis pela ONU.
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