O ministro das Finanças e líder do partido Sionismo Religioso, Bezalel Smotrich, divulgou nas redes sociais uma longa publicação em que apresentou uma série de "linhas vermelhas" que disse ter transmitido a Benjamin Netanyahu.
Donald Trump recebe hoje Netanyahu em Washington, depois de ter prometido um acordo sobre a guerra na Faixa de Gaza, que já apresentou ao chefe do Governo israelita e a vários dirigentes árabes e muçulmanos.
A proposta em 21 pontos prevê um cessar-fogo permanente, a libertação de reféns israelitas, uma retirada israelita e uma futura governação da Faixa de Gaza sem o Hamas, segundo uma fonte diplomática.
Smotrich tem reiterado nos últimos meses a oposição a qualquer acordo, mesmo indireto, com o grupo extremista palestiniano, cuja ofensiva sem precedentes contra Israel, em 07 de outubro de 2023, desencadeou a guerra em curso.
O dirigente de extrema-direita defendeu hoje que o exército israelita deve manter uma "liberdade total de ação em toda a Faixa de Gaza", de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).
Opôs-se ao regresso da Autoridade Palestiniana a Gaza, como propõem vários atores da comunidade internacional e rejeitou uma eventual participação do Qatar, país mediador e aliado dos Estados Unidos, na gestão futura do território palestiniano.
Smotrich expressou ainda a esperança de obter apoio norte-americano para o projeto de anexação da Judeia e Samaria, designação bíblica utilizada por muitos líderes israelitas para se referirem à Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967.
Trump vetou categoricamente essa possibilidade na quinta-feira.
"Não permitirei que Israel anexe a Cisjordânia, (...) isso não vai acontecer", afirmou então.
Netanyahu depende relativamente do apoio do partido Sionismo Religioso de Smotrich para manter a maioria no parlamento.
Num discurso proferido na sexta-feira na ONU, o primeiro-ministro israelita prometeu "acabar o trabalho" contra o Hamas e bloquear a criação de um Estado palestiniano.
O ataque do Hamas contra Israel em outubro de 2023 causou a morte de mais de 1.200 pessoas do lado israelita e 251 reféns, segundo as autoridades.
A ofensiva israelita que se seguiu em Gaza provocou mais de 66.000 mortos, também maioritariamente civis, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas, cujos dados são considerados fiáveis pela ONU.
Israel enfrenta acusações de genocídio por causa da guerra em Gaza, onde a ONU declarou uma situação de fome, o que aconteceu pela primeira vez no Médio Oriente.
Netanyahu, que tem contra si um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional por suspeita de crimes de guerra e contra a humanidade, refuta as acusações de genocídio e de usar a fome como arma de guerra.
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